Carta aos meus inimigos
Escrevo a todos, para formalizar a minha derrota.
Mais uma vez com razão, riram dos meus princípios e debocharam dos meus feitos.
Jamais voltarei ao meu passado, porque digo-lhes que já fazem parte dele.
As minhas verdades tornaram-se chacotas, e as minhas mentiras foram as mais verdadeiras, os meus objetivos foram ignorados, e os meus medos atiçados.
A minha vida já não valia mais nada a partir daquele momento, não sei o motivo no qual eu me apeguei para poupá-la.
Hoje, já devo estar em algum outro lugar distante, mas minha fétida conciência me obrigou a admitir que os senhores estavam certos.
Talvez eu nunca tenha pensado em tirar-me a vida, por amar muito a humanidade, e querer a ela todo o bem que eu poderia oferercer-lhe.
Parti e tive o ponto de chegada, onde não fui bem acolhida, não cheguei onde quis chegar como uma vitoriosa.
Cheguei onde estou. Tomam-me por covarde, inconseqüente, uns dizem que enlouquci, outros dizem que eu não passo de uma menina mimada.
Nada do que pensaram aconteceu comigo, eu apenas cansei de me sentir como eu me sentia, cansei de lutar por objetivos vazios.
Hoje o que eu sinto? Apenas alguns vermes corroendo-me, começaram pelos pés, hoje já me corroem o cérebro.
Não são tão inconvenientes quanto os humanos, mais não são uma boa companhia, não falam, e por mais que eu ache os humanos iconvenientes, ainda sinto falta de uma boa prosa.
Obrigada a todos a quem interessou esta carta.