O jovem e seu punhal
O jovem e seu punhal
- Josinaldo Lima
Ser quem sou está se tornando cada vez mais difícil.
Eu luto contra mim mesmo, mas sempre perco, tento ser indiferente comigo mesmo mas nunca consigo.
Eu mesmo crio meus próprios inimigos, eles são muito poderosos, invencíveis. Eu corro até me cansar, eu me escondo onde acredito ser um ótimo lugar, mas eles sempre me acham me cercam e não me deixam fugir, eles me apunhalam o tempo todo, meu sangue jorra, mas inexplicavelmente não morro.
Eu preciso de ajuda, mas ninguém quer me ajudar, eu grito, mas ninguém pode me ouvir.
Eu preciso de ajuda, mas minhas melhores companhias não pensam em me ajudar, eles não me compreendem, até inconscientemente, ou conscientemente também me apunhalam, será que eles não podem ver? Meu sangue corre por minha pele, ensopa minha roupa, eu sinto muita dor, mas não choro, não na frente deles, não faço gestos de quem sente dor, mas por dentro minha carne é cortada.
Eu me sento para não cair, os meus inimigos, criados por mim, ficam me olhando, tristonhos, eu não entendo, não entendo...
Como posso vencer a mim mesmo? Que armas devo usar? E quais não devo?
Quando isso irá acabar? Eu quero vencer, eu quero viver, de verdade, eu quero sorrir.
Me disseram que existe um rei que pode me ajudar, me disseram seu nome, onde vive, há muitos anos o procuro, mas de maneira alguma consigo encontrá-lo.
Eu quero desistir, não posso desistir.
No reinado onde vive este rei eu não consigo entrar, mas eu posso ver, mesmo que de longe, é muito belo. Quando chego em determinado ponto meus inimigos não me deixam prosseguir, quando penso estar perto eles voltam a me ferir, me arrastam de volta para onde comecei. Quem sabe eu mesmo consiga destruir meus inimigos, não sei como, mas não vou desistir, não posso.
(((Naldo)))