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Programas :-
“O Pulo do Gato” ou “Jornal da Bandeirantes Gente”
Prezados Amigos da Rádio Bandeirantes,
E me permito esse tratamento, dado o longo tempo que os conheço!!!!
E agora mais recentemente pela TV, a qual lhes permite em minha casa adentrar, e com meu beneplácito compartilharmos notícias, debates, idéias, etc...
Para se ter uma idéia dessa nossa proximidade, a Bandeirantes é minha companheira desde os tempos que residia em uma pequena cidade no interior do Estado de São Paulo (Bernardino de Campos), região (hoje não assim conhecida) da “Média Sorocabana”, entre Avaré e Ourinhos que são os centros econômicos mais conhecidos.
Nessa época, que para mim parece ter sido outro dia mesmo, entre 1.964 e 1.970, podia logo cedinho começar meu dia acompanhando ainda o programa apresentado pela dupla sertaneja Tonico e Tinoco, enquanto labutava como aprendiz de alfaiate “arrematando costuras”, depois como ajudante na casa paroquial (hoje estou distante da igreja), em seguida em uma pequena e caseira fábrica de ladrilhos (hoje são usados pisos cerâmicos), depois, pouco antes de ser mais um “retirante” com destino à São Paulo (Capital desde início de 1.972), como vendedor em uma decadente loja de calçados, já com 18 anos.
Lembro-me que depois vinha, na sequência da programação, o jornal Primeira Hora, depois, (quanta saudade) o “Trabuco”, do nosso Vicente Leporace, depois um programa policial (se bem me lembro “Ronda das Delegacias”, depois vinha o “Bom dia – bom dia mesmo!” com o saudoso Omar Cardoso, etc... sem deixar também de ouvir os musicais, principalmente no período vespertino, onde passaram vários profissionais (onde andam?), Hélio Ribeiro, Odair Batista, etc... dos quais ainda me lembro entre tantos, e perdoem-me os que esqueci e os que se foram.
Com dificuldades econômicas na família, havia perdido meu pai em 1.969, quando contava com apenas 15 anos, ainda conseguia estudar à noite em um colégio estadual, onde cursei até a 4ª. Série do Ginásio (hoje equivalente à 8ª. Série do primeiro grau)., abro aqui parêntesis – não me esqueci até hoje das lições de matemática ( com os mesmos livros ainda me socorro hoje para ajudar no aprendizado dos meus filhos), o Francês da professora belga D. Elizete, e tantos outros professores e colegas.
No retorno da escola à noite, cerca de 23:00hs., pegava ainda um finalzinho de comentários sobre o futebol , com o Fiori Gigliotti, o Luís Augusto Maltoni e colegas do Escrete do Rádio, e não tenho certeza se o José Paulo de Andrade não fazia parte dessa turma.
Podia então saber de mais uma vitória do meu Santos de Pelé, Coutinho, Zito, Pepe, e outros...
Hoje diariamente acordo com o finalzinho do programa apresentado pelo Antonio Carvalho (voz privilegiada) e depois o Pulo do Gato com o José Paulo (onde anda o Amorim?). O Carvalho, aos domingos, me faz voltar um pouco no tempo, com saudades.
Mas essa “tietagem”, que me permiti fazer, contando com a paciência dos demais ouvintes, é pequena retrospectiva também de minha vida, tão difícil, mas também tão dignamente até hoje levada, com conquistas que, naqueles tempos nem sonhava conseguir, que é também um embasamento do que, na verdade, quero aqui usar, para provocação e alimentação de debates ora em pauta na “media”.
Nunca antes havia manifestado minhas conjecturas, e tampouco escrito um dia a qualquer veículo de comunicação, e espero ser bem sucedido nessa minha coragem e disposição de tempo, encontrado prensado nesse feriado de “Corpus Christ” (que poucos sabem porque), após ler o Estadão, entre a vontade de “descer a serra” e a de ficar “curtindo” um friozinho. Peço também paciência, afinal, depois de tanto tempo...
Se bem sucedido, terei essa carta lida e comentada no Jornal da Bandeirantes Gente, espero que num sábado, mas poderá também ocorrer provavelmente em um dia da semana, quando não posso ouvir, dado minhas atuais ocupações, mas peço-lhes que me enviem a gravação, depositarei o valor, indiquem quanto e em que conta e banco.
Enfim, o tema que quero abordar é a sucessão de arbítrios, malfadadas idéias, “pequenas ditaduras” (termo que empresto do José Paulo – muito usado ultimamente no “Pulo do Gato”) que meu país vem sofrendo, e que se alastra país afora diante do incompreensível imobilismo popular, povo sedado já pelo cansaço, falta de justiça, falta de visão, falta de “educação” e falta de tudo, que o prostra diante do monstro que lhes tira a esperança de um melhor porvir, desestimulando-o a reagir.
Dada a qualidade de formação dos nossos representantes, e não falo aqui de formações em bancos acadêmicos apenas, mas também do que nos ensinam as experiências, os sucessos, as vicissitudes e percalços que passamos pela vida, moldadora também do bom caráter e da normal e boa personalidade, se bem dirigida em seio de uma família de bons princípios, que, aliada aos conhecimentos científicos, poderiam fazer deles exemplos de “cidadãos”, como muitos que já tivemos.
Essa mesma imobilidade faz com que grandes idéias e cabeças pensantes não se arrisquem a emergir nos meios políticos, ora por falta de “estômago”, ora porque não tem coragem de se desgastar diante de tanta hipocrisia, e levar também seus amigos, familiares e até empresas a sacrifícios vãos. Essas mesmas personalidades poderiam, saindo da obscuridade, e como verdadeiros cidadãos, trazerem grandes colaborações ao país.
O político virou, lamentavelmente, sinônimo de “safadeza, ladroagem, traições, injustiças” e uma leva de adjetivos pejorativos (recomendo um dicionário de sinônimos aos amigos, para completar todos os adjetivos “feios” existentes no nosso vernáculo), quando mais normal seria vê-los como nossos representantes, e que lá estão pela vontade popular da maioria, manifestada através do voto livre, porém ainda “obrigatório”.
A sua missão:- “Representar o Povo” nas suas ambições, na busca de resolver bem as suas necessidades, cuidar de que sua pátria seja uma grande nação e não um país grande, onde o mínimo almejado seja viver bem, em paz, com saúde, harmonia no lar, tranqüilidade e despreocupação onde a liberdade seja amparada e propiciada por segurança, emprego, educação, saneamento básico, respeito e cidadania.
Espera-se que esse representante tenha também e principalmente visão de futuro, e saiba que ele passa, o país fica, e o mundo se modifica cada vez mais rapidamente e é necessário não só acompanhar mas estar na frente, e não se deixar atropelar. O tempo para a história inexiste...
Viva a democracia!!!!
E não digo de boca afora, apesar do meu inconformismo e das minhas frustrações, porque consigo ainda identificar as causas. E sei bem do período negro da ditadura que passamos...
Último desaforo:- “QUEREM IMPEDIR-ME DE ME LOCOMOVER NO MEU PAÍS”.
Muitos brasileiros viajam ao exterior, é até forma da classe média (pobres remediados – falta-lhes visão do mundo, das idéias, do respeito, da educação – também vítimas inconscientes) de se mostrarem uns aos outros. Mas, a cegueira mental e intelectual, para a grande maioria, não os deixa ver exemplos lá fora que bem poderiam ser aqui aproveitados. Mas, às vezes, eles não sabem sequer o que viram num museu, numa escola, numa cidade, pois o tempo é curto, até mesmo porque a agência de turismo é que programou. Por isso ele “pagou”!. Percebe-se que ele tem necessidade de “comprar”!
Esses dias eu ouvi dizer que um político cearense (Ciro Gomes - paulista de nascimento), após ter deixado o ministério foi estudar em uma universidade dos EUA, mas que não frequentara regularmente as aulas. Digo que “ouvi dizer”!
O atual prefeito de São Paulo ( Celso Pita) procurou dar um ar de intelecto às suas aparições durante e depois da campanha às eleições ( antes para mim um ilustre desconhecido), e uma das coisas que procurou mostrar é que havia estudado em Londres. Também não discuto essa veracidade e tampouco sua capacidade intelectual – quero aqui ser cidadão comum, isto é, com visão que possuo tal e qual.
Mas o que me desnorteia é que tanto tempo nos chamados “primeiros mundos” não foram suficientes para trazer idéias realmente boas de que o povo precisa.
Durante o período antes da eleição, discutiu-se muito sobre necessidades de transportes coletivos, de forma a solucionar a calamidade pública que é se deslocar dentro de uma metrópole como São Paulo.
Houve até entrevistas com alemães, que tinham soluções, ou que tinham aplicações práticas de um tal “Fura-fila” (lá poderia ser “entschuldigen Sie mir, Darf mir durchfahren” – ou desculpem-me, com licença, permitam-me passar).
Ainda em período recente, tive a oportunidade ímpar de trabalhar pela minha empresa na Alemanha, onde morei, com minha família, em uma ciade próxima de Nuremberg – Norte da Bavaria.
Nesse período, adquiri um bom e barato carro usado (Audi 80, mês/ano 12/1985 – DM5.000,00 – aqui cerca de R$3.500,00 – só para efeito de comparativo com nosso mercado!), com o qual pude viajar com minha família em boa parte da Alemanha e outros países da Europa.
Como disse, o carro era usado para viajar! Também o utilizei para me deslocar ao trabalho. Mas, na cidade, o carro me atrapalhava. Os cuidados deviam ser redobrados, muitos pedestres, bibicletas (Viena – Áustria, um dos lugares visitados – tem cerca de 400.000 km de ciclovias), estacionamentos caros (ou justos preços), etc...
Deslocava-me então de ônibus, metrô, trem, bonde, com uma mesma passagem, em uma determinada direção. O ônibus, era um relógio, às 7:18hs passava pontualmente no ponto em frente ao prédio que eu morava.
Em um painel, no ponto, que era coberto e protegido devido ao clima (que não era tropical), havia uma relação de linhas que por ali passavam e em quais horários. Se você se atrasasse alguns segundos, você perderia aquele ônibus.
A passagem de ônibus poderia ser comprada direto com o motorista, mas não era usual, pois atrapalhava no tempo, apesar da prática do motorista/cobrador, que dispunha de um prático caixa, para fazer inclusive troco (até o último “Pfenig” – nosso centavo – que é de direito). O normal era termos um bilhete múltiplo válido para o mês todo, mais barato, prático, e até mesmo esquecíamos que estávamos pagando pelo transporte coletivo que usávamos.
Cobradores? Acho que os alemães contemporâneos não sabem o que seria isso! Existiam sim fiscais, que, se encontrassem um passageiro sem um bilhete válido, respeitosamente informavam que estava sendo multado em DM60,00 (Sessenta Marcos Alemães – cerca de R$45,00), mas que, caso o bilhete válido tivesse ido esquecido em casa, o mesmo poderia mais tarde ou em outro dia ser mostrado em um determinado departamento e liberado da multa. O mesmo ocorria no metrô e trem.
No período que lá estive, pouco mais que um ano, posso contar nos dedos as abordagens que presenciei. Em todas, como bom cidadão do mundo e estrangeiro honrado, sempre estava pagando devidamente pelo transporte que usava.
Nos dias de descanso, quando não viajava, ia de bicicleta com meus filhos às compras no centro da cidade. Quantas bicicletas! Podíamos deixá-las em qualquer canto, andávamos a pé, íamos às lojas, etc... e depois voltávamos, apanhávamos as bicicletas e voltávamos para casa.
Também não era uma total maravilha, às vezes ocorriam alguns roubos de bicicletas, diziam – nunca vi de fato ou algum relato de conhecidos – acusavam então os excluídos e mais pobres de lá, guardadas as devidas proporções – os alemães ocidentais culpavam a queda do muro e os povos do leste, os asilados, os turcos, etc... e diziam que antigamente não era assim. Enfim, quero mostrar que lá existem problemas sociais. E, se quiséssemos saber mais notícias ruins, mas tinham que abranger uma área maior do país, era só comprarmos uma “Notícias Populares” de lá – o efeito era o mesmo que aqui – mas insisto – preserve-se as devidas proporções! Inclua-se ainda no rol os nacionalistas imbecis, os NAZI’s como lá são pejorativamente chamados os Neo-nazistas, que nem de longe sabem o quanto sofreram os cidadãos que seguiram um líder louco, e que praticam crimes em nome dessa bandeira nojenta e há muito desmoralizada, ou utilizando-a como escudo para mostrar outros desvios sócio-econômicos como o desemprego e demais desajustes que por lá também é dramático, e mostra também mais vítimas da globalização.
Uma regra social (lei) normal já oriunda do direito consuetudinário, portanto básica de convivência e respeito, era a sequência lógica:- pedestres – bicicletas – ônibus – carros – caminhões.
Se o pedestre põe o pé na rua, obedecida a sua vez, qualquer veículo da sequência mencionada parava. Assim ocorria com a bicicleta em relação ao carro, este em relação ao ônibus e, assim por diante.
A calçada era larga e dividida em pista para pedestre e para bicicletas, e havia respeito mútuo, embora em muitas vezes, também pequenos acidentes. O juízo da razão é rapidamente resolvido e se o fato não era de maiores proporções, caso contrário, o arbitramento e os tribunais eram também ágeis nos julgamentos.
Para o ônibus, as pistas eram preferenciais, com semáforos inteligentes que reconhecem o veículo à distancia e e liberam sua passagem, sem parar, e, existem reentrâncias nas calçadas defronte ao ponto, para que. Ao estacionarem, não atrapalhem o fluxo dos demais veículos (aqui, me parece vingança ou mesmo motivo de devaneio do frustrado motorista, e os tornam maiores fazer com que os “privilegiados burgueses” de carro esperem em longas filas atrás – mais uma pequena ditadura). Ao piscar seta de retorno à pista, não significava como aqui “ ter a intenção” de voltar à pista, mas sim “ que o ônibus “ia sair” – que é muito diferente. E, dada sua preferência, os demais veículos do fluxo davam a preferência. Em caso de acidente, vale a regra elementar, a culpa seria do carro, a preferência é do transporte coletivo.
Para o deficiente físico, o ônibus era dotado de uma plataforma hidráulica móvel, que, saindo sob o veículo e este abaixando a suspensão ficava no nível da calçada e facilita a auto-locomoção de uma cadeira de rodas, a qual, sem a necessidade de ajuda pode entrar no ônibus, estacionar em local apropriado, prender o cinto de segurança e viajar, sem maiores constrangimentos, ou com deficientes fazendo caras de autocomiseração para receber ajuda. Vale dizer que o nível de acesso da calçada ao veículo é calculada para todas as necessidades.
Os mais idosos, tem passagem de graça, viajam, respeitosamente e com sã e cidadã consciência, fora do horário de “rush”, pois têm tempo para isso, e é mais confortável.
As pessoas podem, naturalmente usar suas jóias de estimação, e é comum também nos coletivos.
Não preciso dizer mais, que já se deduz que lá, os direitos do cidadão são respeitados e o nível de conforto social é de longe incomparável com o que aqui temos. Reside aí a base da sociedade de direito. Respeito!
Seria idiotice de minha parte querer algo semelhante por aqui, mas estou procurando trazer alguma coisa no mínimo interessante, das quais, podem ser aproveitadas algumas idéias.
Bastaria fazer uso das leis existentes?
Não! A espada vence, mas não convence. Leis temos bastante, e criam-se novas e de aplicação duvidosa – Exemplo recente a que obriga a prefeitura a corrigir as “curvas erradas” existentes na cidade. Meritória e até bem intencionada. Está, no entanto, faltando a lei que acaba com as subidas, desde que permaneçam as descidas ! (sic) E isso, sem qualquer alusão à lei da gravidade que já tentaram algumas vezes “caçar”.
Antes de tudo, seria necessária a conscientização da população.
Esbarramos então nos desníveis sociais que temos, na formação do povo, nas necessidades mais elementares que não estão supridas, no tamanho do país e suas diferenças, e vamos por um sem fim de coisas que desanimam qualquer boa intenção. Mas não devemos nos esmorecer!
A bandeira ecológica do deputado/secretário “louva Deus” (Fábio Feldman), levou a se permitir cercear a liberdade de ir e vir do cidadão. O que não é mais uma “pequena ditadura”, considero já um desrespeito constitucional.
Acima de tudo, prezo o respeito à natureza.
Mas sou avesso a qualquer medida que seja paliativa, excludente, que privilegie o direito de uns em detrimento de outros, e que de prático nada tem, a não ser dificultar o cidadão nas suas locomoções.
Porque não se discutem de forma racional e madura os motivos que levam as pessoas a tentarem resolver com recursos próprios o problema de falta de meios decentes de transporte da nossa metrópole?
A esse deputado, cujo nome “Feldman” mostra descendência de um país, onde mais uma vez, vou buscar exemplo fácil de ser aplicado aqui, para mostrar-lhe como se reduz os níveis de poluição.
Anualmente na Alemanha, é obrigatória a medição de emissão de poluentes dos veículos auto-motores (lá chamada de “ASU” – abreviatura, por motivos óbvios de “Abgasuntersuchen” .
Caso não esteja dentro dos padrões permitidos, é necessário se fazer a imediata correção, para que s e receba o certificado que permite o veículo ser usado.
Que tal isso para os veículos aqui? Eu disse veículos – todos – inclusive os caminhões e coletivos que poluem consideravelmente.
Que tal também, como lá, compensar no imposto anual os veículos que possuem catalisadores?
Ouvi dizer que, raquiticamente, estão procurando fazer isso aqui, mas que ainda existem algumas dificuldades a serem superadas, como por exemplo definição e credenciamento das oficinas autorizadas e reconhecidas.
Provavelmente inventarão mais um selo para Pára-brisas, a exemplo do licenciamento do ano, e mais alguém ganhará com isso.
Lembra-se do selo pedágio? Das plaquetas anuais por ocasião do licenciamento?
Que tal também, como lá, compensar no imposto anual, os veículos que possuem catalisadores?
Não seria uma forma inteligente de incentivar o cuidado ecológico?
Que tal também eliminar definitivamente o chumbo da gasolina nojenta e fedida que usamos, a qual causa “ânsia de vômitos” nos veículos importados, cujos motores não estão adaptados?
Que tal aplicar também aplicar aqui a “TÜV” , cujo certificado expedido a cada 2 anos, caso negado pelas más condições dos veículos, impedem-no de circular, de ser licenciado, de ser vendido e transferido, etc...?
Mas ainda temos um exemplo tupiniquim, que os alemães e outros povos já estudaram com bastante interesse, e não entendem porque foi abandonado, que é o álcool.
Eu particularmente, como leigo, não consigo entender porque é mais poluente que a gasolina! Ou será porque não tínhamos “Usineiros” na Assembléia Legislativa?
Senhor Fábio Feldman, nutro por vossa excelência, um antigo desprezo, desde o dia que casualmente o destino nos colocou lado a lado em um avião, com destino de Brasília a São Paulo (eu lá estava a trabalho). Era uma sexta-feira, o aeroporto cheio de políticos na revoada a seus Estados de origem. O temo do momento era os 5 anos de mandato para o Presidente. Na época o Sarney (vice não empossado!).
Indaguei-lhe sobre o tema, puxando conversa. A lacônica resposta foi: “não sei e nem quero saber”... E, mudou de poltrona (graças a Deus). E o pacato cidadão aqui ficou matutando – porque perguntou se a resposta de um político é fácil de prever?
Entre tantos políticos na aeronave, me chateei posto que talvez tenha me confundido com um deles. Tratei de descer logo em Cumbica e a passos rápidos sair logo daquele meio. Já pensaram se me contamino?
Papai, que nos bons tempos – final dos anos 50 – fora político atuante em minha cidade natal – Piraju-SP, talvez esteja constantemente inquieto no seu descanso eterno, tantas são as imbecilidades cometidas e os imbecis que se proliferam nesse meio.
Mas, digo sempre, são espelhos da sociedade em que vivemos e frutos da miséria social que impera no país. A saída disso está nos livros, e, em cerca de 5 ou 6 gerações, se aplicarmos maciçamente na educação, poderemos almejar uma pequena melhora.
Senhor Governador (Mário Covas), ainda é tempo! Firme posição! Não seja obscuro, não se oculte! Peite os que querem se aparecer no seu governo sem mérito! “Desça do muro”! Aproveite o momento para resgatar um pouco mais sua imagem, desgastada com o caso BANESPA (falcatruas do Quércia às vésperas de deixar o Governo do Estado – Banco quase quebrado- caso BANESER, etc...), que nunca foi administrado no seu governo, mas que marcou a sua imagem e a do seu partido. Se V.Exa. é inteligente e bem intencionada, Ouça-me!
Peço-lhe:- “Vete a Lei do Louva-Deus” – faça seu partido se sobressair.
No ano passado, recebi uma multa indevida, onde constava que meu veículo estav
a em Guarulhos, num endereço que não sei onde é, durante o horário da operação rodízio,e, como cidadão inconformado e dentro do espírito de direito, recorri junto à CETESB, e recentemente recebi uma carta com o deferimento, felizmente.
Mas, e o tempo perdido? E o trabalho dos analistas? E o sem fim de tarefas inúteis, que lotam as Secretarias de Estado, a Justiça, e o Estado como um todo, devido a ineficiência estatal? Também pago por isso!
Falando em pagar, e voltando um pouco à pauta que me propuz, manifesto aqui minha vontade de um dia poder ir ao trabalho de ônibus.
Moro em um condomínio popular, na “esquina do mapa” da cidade, divisa de São Paulo, Diadema e S. Bernardo do Campo. Diariamente tenho que percorrer cerca de 30km. de carro até a Via Anhanguera, onde trabalho.
Sou obrigado a manter dois veículos, posto que minha esposa também precisa de carro para levar os filhos à escola. Com isso, não posso me dar ao luxo de ter apenas um veículo, mais confortável, para passeio apenas. À propósito, tenho que dispor de cerca de 40% dos meus vencimentos líquidos para manter a escola dos meus filhos, que bem poderiam se locomover até lá de transporte coletivo.
Como se pode deduzir, faço parte da chamada classe média baixa, que luta para suprir o mínimo que em qualquer lugar do mundo é dever e obrigação do Estado!
Longe de privilegiados, somos burros e cegos, pois pagamos duplamente, tanto pelo transporte como pela escola, a que usamos, mas que deveria ser disponibilizado pelo Estado, e a que é mantida com nosso exclusivo suor!
Economia que poderia ser mais bem aplicada em outros investimentos, gerando emprego, etc...
E o que dizer das ruas que usamos?
Pelo amor de Deus prefeito, eu não agüento mais consertar meus carros. Conserte e recapeie ao menos o final da Avenida do Cursino, alargue mais a Av. Miguel Estéfano. Todo dia temos um veículo tentando “visitar o Zoológico” sem pagar. Eles quebram o muro na “curva errada” – uma daquelas!
O Zoológico de São Paulo é o maior da América Latina, se bem me consta, é uma Fundação criada pelo Sr. Jânio Quadros, quando Governador ou Prefeito de São Paulo, na década de 50. Ponto turístico, mas de tortura para os pobres pais desavisados de fins de semana, devido o trânsito – somente uma saída - e as precárias condições das ruas e avenidas que tem que enfrentar, como se já não bastasse o tráfego enfrentado durante a semana! Não poderia ser visitado por turistas estrangeiros com maior conforto?
Vamos fazer coisa séria!
Não quero mais viadutos, pois em pouco tempo teremos aqui algumas “freeway” como em Los Angeles, e um monto de veículos ainda trafegando com velocidades médias dos dias de hoje.
Precisamos ter transportes coletivos dignos de serem usados por todos os cidadãos!
Precisamos de METRÔ!
Precisamos utilizar a ineficiente malha ferroviária existente cortando a cidade. Exemplo típico de patrimônio público mal utilizado!
Precisamos de uma distribuição inteligente de ônibus!
Precisamos de transporte escolar, onde nossos filhos possam chegar aos bancos escolares e retorno ao lar com segurança!
Quero trabalho sério!
Investimentos que tenham retorno certo, embora sejam de difícil visão para nossos representantes.
Estes preferem as obras que o incauto eleitor consegue ver fisicamente em detrimento às que são de difícil explicação quanto ao retorno do investimento, posto que a maioria não entenda o tamanho do chamado “Custo Brasil”, entre os quais os infindáveis congestionamentos, o tempo perdido em filas, nas burocracias, etc... etc... etc...
CHEGA!
Como é duro ser cidadão!
E me considero dos poucos esclarecidos!
Creio que sofre menos os mais ignorantes que eu!
A diferença é que sou teimoso!
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Comecei a escrever, em torno das 12:00hs., e, agora, após algumas interrupções, concluo cerca de 22:00hs. Do dia 29 de maio de 1.997.
Muito obrigado a todos! Desculpem-me se muito me alonguei, ou messmo em minhas divagações.
Amigos da Bandeirantes, se me permitem assim tratá-los, continuem como sempre foram!
Continuarei assíduo ouvinte, dentro das possibilidades!
Marco Antonio Pereira
Brasileiro, 43 anos, casado, 2 filhos
(digo 44 anos, demorei muito a enviá-los essa carta)
RG. X.xxx.xxx – SSP-SP
Tel/Fax : (011) XXXX-1328
PS.: só hoje que achei tempo de encaminhar-lhes, perdoem-me o atraso! Não tinha o número do FAX!
A próxima vai por INTERNET !
Grato a todos !
São Paulo, 05/09/97
(assinado)
Marco Antonio Pereira
Transcrita hoje 01.01.2010, 13 anos após ter sido escrito o original, para publicação no Recanto da Letras, com a finalidade de traçar um comparativo.
Debate:
O que avançamos nesse período nos quesitos abordados na carta de maio/1997?
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