Nunca será tarde!
Um novo tempo está começando e eu não pude evitar a síndrome da reflexão. Não pude deixar de pensar se é tarde para desejar o amor de Laila. Não pude deixar de pensar que por tanto tempo eu pensava ter sido desprezado e simultaneamente carregado uma culpa de ter sido covarde, incompetente e incapaz de lutar pelo seu amor. Eu não sabia que Laila também me amava, talvez não tanto quanto eu a amava, mas o seu coração estava aberto e tudo poderia de ter sido diferente. A nossa história poderia ter sido diferente. No entanto, suas atitudes contrastavam com o seu silêncio. Ao contrário de mim, ela escondeu muito bem os seus sentimentos, e assim, eu nunca pude saber o porquê daquela rejeição.
Convencido do seu desprezo, eu me afastei de Laila. E, não por carencia, mas por circunstância, por ter deixado o meu coração livre, encontrei um novo amor, que me acolheu, que me fez acomodar nos seus braços, me deu carinho e me fez apaixonado. E por muito tempo eu não percebi o fantasma de Laila escondido num canto qualquer do meu peito.
Eu sei que Laila tem todo o direito de pensar - e ela já me disse isso, num desabafo - que ela só voltou a fazer parte das minhas lembranças por causa das crises que assolaram meu casamento. Mas isso está longe de ser verdade. Laila sempre gerou saudade em mim. Eu tinha que disfarçar o sorriso e taquicardia no coração cada vez que alguém pronunciava o seu nome e dizia alguma coisa sobre ela.
Entre as coisas que me convenceram, uma era que Laila tinha um expectativa de vida muita curta, e, por conta disso, por muitos anos eu vivi o sobressalto da notícia de sua morte. Há ainda outras coisas que só eu e Laila sabemos.
Hoje sabemos que não foi por acaso que nos afastamos. O tempo, e um esforço pessoal, quase inconsciente, me trouxeram de volta ao convívio amiúde de Laila. Numa longa conversa, vieram à tona os verdadeiros motivos da sua rejeição. Fomos vítimas de uma trama sórdida e descabida, aparentemente sem propósito.
Isso me deixou literalmente de cama. Deitei de meia e calça jeans, sem conseguir me desligar de uma só palavra dita de nossa conversa. Foram revelações incriveis que encheram a ambos de tristeza. Sabotaram a nossa felicidade.
Laila resistiu o quanto pode. Mas, sei que, em algum momento, ela desabou num choro convulsivo e uma imensa alegria que lavou a sua alma quando ela juntou os fragmentos daquela paixão.
Não resistimos à vontade de nos vermos pessoalmente. Não tínhamos idéia do que fazer. Não estávamos prontos para lidar com a situação. Mas era certo que tínhamos que confrontar nossas histórias, botar as cartas na mesa. O amor entre nós ainda tinha raízes. Contudo não podíamos rasgar as nossas histórias com outros amores para vivermos a nossa própria história.
Como temíamos, o fato nos termos visto uma vez, gerou o desejo de nos vermos outras vezes. Eu refletia de um lado e ela refletia do outro. Todavia tudo o que eu sempre desejei foi estar ao lado de Laila.
O beijo não correspondido no ponto do ônibus foi uma cena repetida de anos atrás. Era o sinal de que o encontro não seria como esperado.
A conversa foi tranquila, gostosa e amena, apesar de tudo.
Éramos eu e Laila, frente a frente. No entanto, não era a mesma mulher que rasgava seu coração em versos e prosas. Eu ouvi as suas razões. Como de outras vezes, ela não negou o seu amor, mas fez questão expor seus argumentos. Nosso amor era impossível, ela disse. Ela havia se preparado para assumir o controle da situação e estava disposta a controlar seus sentimentos.
Depois daquela conversa, fiquei sem saber o que pensar. Meu corpo parecia extremamente leve e minha cabeça estava confusa. Eu fiquei me perguntando: onde estava aquela Laila atrevida que havia descoberto o seu amor mim? Aquela que estivera ávida por um beijo, por sentir meu corpo junto ao seu e procurara um lugar discreto e seguro para me tomar nos braços, que já não escondia mais de mim o seu sentimento. Aquela que de repente resolveu me torpedear numa manhã aparentemente tranquila e despiu a sua alma diante de mim, me deixando extasiado e inteiramente abatido, face a uma realidade inesperada.
Um novo tempo está começando e eu não pude evitar de pensar se é tarde para desejar o amor de Laila. Eu nunca neguei o amor que me acolheu. Eu amo Laila. Por isso Laila, volta e meia, me encosta na parede querendo saber como alguém pode ser capaz de amar duas pessoas ao mesmo tempo. Eu respondo que isso possível, é perfeitamente possível - "amo o que perdi, amo o que achei" - embora seja ímpossivel dedicar-se a ambas. Pois o amor exige e exclusividade e atenção. A tendência é a gente amar mais quem está perto, quem está sempre presente.
Por isso temo perder o amor de Laila, mas nunca vou deixar de amá-la.
Eu tenho uma razão muito especial para me manter afastado de Laila e isso é um segredo nosso. Tenho certeza um deseja a felicidade do outro.
Eu sei que enquanto eu viver, vou ter que suportar a saudade, reprimir meu desejo, me contentar com minutos de conversa, algumas horas de contemplação e todas as restrições que a vida nos impôs.
Laila nunca me obrigou a uma escolha. E eu sempre me dispus a não obrigá-la a uma escolha. Concordamos que continuaríamos a viver nossas vidas do jeito que vivíamos antes de nos reencontrarmos. Que não há espaço para vivermos o nosso amor. Que continuamos um sendo um encontro vocálico, mas em sílabas separadas.
Mas Laila nunca deve esquecer do meu amor por ela, do quanto eu gostaria que as nossas histórias tivessem sido escritas nas mesmas páginas, que fosse a nossa história, diferente, sem o longo hiato que nos afastou.
Um novo tempo está começando e eu não pude evitar de pensar se é tarde para desejar o amor de Laila. Porém que meu desejo, meu desejo ardente e sincero é envelhecer ao lado de Laila...
Se é tarde para desejar o amor de Laila?
Para desejar, nunca será tarde.
Convencido do seu desprezo, eu me afastei de Laila. E, não por carencia, mas por circunstância, por ter deixado o meu coração livre, encontrei um novo amor, que me acolheu, que me fez acomodar nos seus braços, me deu carinho e me fez apaixonado. E por muito tempo eu não percebi o fantasma de Laila escondido num canto qualquer do meu peito.
Eu sei que Laila tem todo o direito de pensar - e ela já me disse isso, num desabafo - que ela só voltou a fazer parte das minhas lembranças por causa das crises que assolaram meu casamento. Mas isso está longe de ser verdade. Laila sempre gerou saudade em mim. Eu tinha que disfarçar o sorriso e taquicardia no coração cada vez que alguém pronunciava o seu nome e dizia alguma coisa sobre ela.
Entre as coisas que me convenceram, uma era que Laila tinha um expectativa de vida muita curta, e, por conta disso, por muitos anos eu vivi o sobressalto da notícia de sua morte. Há ainda outras coisas que só eu e Laila sabemos.
Hoje sabemos que não foi por acaso que nos afastamos. O tempo, e um esforço pessoal, quase inconsciente, me trouxeram de volta ao convívio amiúde de Laila. Numa longa conversa, vieram à tona os verdadeiros motivos da sua rejeição. Fomos vítimas de uma trama sórdida e descabida, aparentemente sem propósito.
Isso me deixou literalmente de cama. Deitei de meia e calça jeans, sem conseguir me desligar de uma só palavra dita de nossa conversa. Foram revelações incriveis que encheram a ambos de tristeza. Sabotaram a nossa felicidade.
Laila resistiu o quanto pode. Mas, sei que, em algum momento, ela desabou num choro convulsivo e uma imensa alegria que lavou a sua alma quando ela juntou os fragmentos daquela paixão.
Não resistimos à vontade de nos vermos pessoalmente. Não tínhamos idéia do que fazer. Não estávamos prontos para lidar com a situação. Mas era certo que tínhamos que confrontar nossas histórias, botar as cartas na mesa. O amor entre nós ainda tinha raízes. Contudo não podíamos rasgar as nossas histórias com outros amores para vivermos a nossa própria história.
Como temíamos, o fato nos termos visto uma vez, gerou o desejo de nos vermos outras vezes. Eu refletia de um lado e ela refletia do outro. Todavia tudo o que eu sempre desejei foi estar ao lado de Laila.
O beijo não correspondido no ponto do ônibus foi uma cena repetida de anos atrás. Era o sinal de que o encontro não seria como esperado.
A conversa foi tranquila, gostosa e amena, apesar de tudo.
Éramos eu e Laila, frente a frente. No entanto, não era a mesma mulher que rasgava seu coração em versos e prosas. Eu ouvi as suas razões. Como de outras vezes, ela não negou o seu amor, mas fez questão expor seus argumentos. Nosso amor era impossível, ela disse. Ela havia se preparado para assumir o controle da situação e estava disposta a controlar seus sentimentos.
Depois daquela conversa, fiquei sem saber o que pensar. Meu corpo parecia extremamente leve e minha cabeça estava confusa. Eu fiquei me perguntando: onde estava aquela Laila atrevida que havia descoberto o seu amor mim? Aquela que estivera ávida por um beijo, por sentir meu corpo junto ao seu e procurara um lugar discreto e seguro para me tomar nos braços, que já não escondia mais de mim o seu sentimento. Aquela que de repente resolveu me torpedear numa manhã aparentemente tranquila e despiu a sua alma diante de mim, me deixando extasiado e inteiramente abatido, face a uma realidade inesperada.
Um novo tempo está começando e eu não pude evitar de pensar se é tarde para desejar o amor de Laila. Eu nunca neguei o amor que me acolheu. Eu amo Laila. Por isso Laila, volta e meia, me encosta na parede querendo saber como alguém pode ser capaz de amar duas pessoas ao mesmo tempo. Eu respondo que isso possível, é perfeitamente possível - "amo o que perdi, amo o que achei" - embora seja ímpossivel dedicar-se a ambas. Pois o amor exige e exclusividade e atenção. A tendência é a gente amar mais quem está perto, quem está sempre presente.
Por isso temo perder o amor de Laila, mas nunca vou deixar de amá-la.
Eu tenho uma razão muito especial para me manter afastado de Laila e isso é um segredo nosso. Tenho certeza um deseja a felicidade do outro.
Eu sei que enquanto eu viver, vou ter que suportar a saudade, reprimir meu desejo, me contentar com minutos de conversa, algumas horas de contemplação e todas as restrições que a vida nos impôs.
Laila nunca me obrigou a uma escolha. E eu sempre me dispus a não obrigá-la a uma escolha. Concordamos que continuaríamos a viver nossas vidas do jeito que vivíamos antes de nos reencontrarmos. Que não há espaço para vivermos o nosso amor. Que continuamos um sendo um encontro vocálico, mas em sílabas separadas.
Mas Laila nunca deve esquecer do meu amor por ela, do quanto eu gostaria que as nossas histórias tivessem sido escritas nas mesmas páginas, que fosse a nossa história, diferente, sem o longo hiato que nos afastou.
Um novo tempo está começando e eu não pude evitar de pensar se é tarde para desejar o amor de Laila. Porém que meu desejo, meu desejo ardente e sincero é envelhecer ao lado de Laila...
Se é tarde para desejar o amor de Laila?
Para desejar, nunca será tarde.