RESPOSTA

Bom dia, querido irmão!

Em primeiro lugar, muito obrigado por sua resposta tão elegante, cheia de serenidade e ponderação. Convencido por isto do seu interesse pela Palavra de Deus, bem como da perceptível grande disposição em compreendê-la, gostaria de começar a estudá-la com o senhor com a ajuda do Espírito Santo de Deus.

Quanto a ponderarmos sobre as doutrinas das igrejas à luz da Bíblia, isto é o que a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem se empenhado em fazer melhor. Inclusive há estatística mostrando que os adventistas são os que mais estudam a Bíblia, vencendo seguidamente concursos mundiais de leitura da Palavra de Deus.

Quanto a luz da Bíblia, porém, que tal Mateus 5:17, onde Cristo diz que não veio revogar a Lei ou os profetas, acrescentando que "até que o céu e a terra passem nenhum til ou jota será mudado da Lei”? Que tal também Ele pendurado na cruz culpado das acusações que os fariseus lhE fizeram de que Ele tinha transgredido e pregado contra a lei do Templo, sobre o que Pilatos deu testemunho de que não vira culpa nEle e nós bem sabemos que Ele pagou por nossa transgressão da Lei e não pos Sua transgressão, pois Ele não a transgrediu?

Logo, se Ele desfez a Lei na cruz, o que dizer do dízimo, que ninguém diz que foi revogado? E olhe que Deus não tinha dito que era para devolver o Dízimo, a não ser por intermédio de Moisés. Todavia, já vimos Abel fazendo sua oferta bem antes de Abrão e de Jacó.

O que dizer do esclarecimento de Jesus de que Seus parentes são aqueles que "fazem a vontade de Seu Pai"?

E, apesar disso, há os que dizem que o Filho aboliu a Lei do Pai. Que tipo de filho é este que desonra Seu Pai desautorizando Sua Lei? Que filhos desautorizam seus pais, se não os mesmos que deturpam a sociedade?

E de qual vontade do Seu Pai Jesus estava tratando, se toda a vontade do Pai só foi expressa na Lei?

Que tal então a passagem onde o Filho diz "se me amais guardareis os meus mandamentos"?

De quais mandamentos Ele trata nessa passagem? Dos que estavam e continuam escritos no Velho Testamento (única porção da Bíblia existente até algumas décadas depois que Ele disse isso) ou os que viriam a ser escritos no Novo Testamento, que só começaria a ser redigido várias décadas depois e onde também não há mandamentos, a não ser uma interpretação do próprio Jesus quanto aos Dez resumidos em dois, o que os fariseus bem sabiam explicar e com que concordavam, haja vista que foi um fariseu (um intérprete da Lei) que, tencionando pôr Cristo em aperto, acabou respondendo a inquirição do Mestre de como ele entendia a Lei – como a interpretava. “A isto ele respondeu: ‘Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo’”. – Lucas 10:27. Aspas acrescentadas.

Portanto, o primeiro mandamento aí retratado pelo fariseu trata dos quatro primeiros dos Dez Mandamentos de Êxodo 20 que ele e Jesus guardavam, referindo-se ao amor a Deus, e o segundo trata dos outros seis, referindo-se ao amor ao próximo.

E nisso o entendimento de Jesus sobre a Lei estava em tão perfeita harmonia com o do fariseu, que o Mestre o elogiou: “Então, Jesus lhe disse: ‘Respondeste corretamente; faze isto e viverás’”. – Lucas 10:28. Aspas acrescentadas.

Observemos que ao final Jesus ressaltou que se o fariseu guardasse a Lei da forma como ele bem sabia interpretar, ele viveria, referindo-se esse viver à vida eterna.

Se fosse que nisso Jesus estava anulando os Dez Mandamentos, o fariseu já o teria pego pela palavra, então eles já teriam a desculpa para crucificá-lo. Todavia, estava tão em acordo que o fariseu desistiu de instigar Jesus.

Mas, se não são esses então os mandamentos do Novo Testamento, seriam aqueles que Jesus disse ao jovem rico que deveria guardar para herdar o Reino do Céu. E muitos aí dizem que Ele estava retificando a Lei, pois desde então passava a valer somente os que Ele enumerou ilustrativamente. Todavia, observemos que o jovem rico respondeu a Jesus que ele já guardava a todos os tais mandamentos desde pequeno, sendo que ele era judeu, a exemplo de Jesus, e Jesus não o corrigiu, observando que os outros mandamentos que Ele não havia enumerado não eram mais para ser guardados.

À luz disso, que tal as declarações do discípulo amado no início de II João 2:4, onde diz que “aquele que diz que O conhece, mas não guarda os Seus mandamentos é mentiroso e nele não está a verdade”?

Todavia, todas essas passagens já podem ter sido mostradas e sem efeito. Sendo assim, que tal mostrar na Bíblia finalmente a passagem onde Deus ou Jesus ordenou o profanar o santo sábado. Seria que há? Deus teria abolido o dia de descanso e comunhão íntima e exclusiva que Ele criou já no Éden para o repouso, saúde e bem-estar do homem? Quando Deus disse ao povo no deserto que no sexto dia da semana deveriam colher maná em dobro, sendo uma porção para o dia e outra para o sábado, esse sábado era uma festa religiosa (do calendário de festas que era só para os judeus) ou havia um calendário que especificava as datas para as festas religiosas, que eram consideradas como sábado, pois eram, a exemplo do sábado, dia santo? Se esse sábado no qual não se colhia o maná era sábado festivo (porque os sábados festivos foram abolidos), então ao final de cada semana havia um sábado festivo que não aparecia no calendário das festas? Sendo assim, como o sábado semanal pode ser chamado de festa religiosa judaica se eles não estão no calendário de festas religiosas?

Que tal também indicar a passagem onde diz que se podia danificar o "templo do espírito Santo" com carnes imundas e proibidas, as quais, é científico, que prejudicam o corpo humano. O sonho de Pedro em Atos 2 não serve para autorizar a glutonaria, pois ele se refere a discriminação judaica aos gentios, estando bem distintos o fato e a visão, pois a visão se insere e foi dada a propósito de uma visita de gentios para levar o apóstolo à pregar em casa de gentios, o que Pedro não faria de outra forma, pois, a exemplo dos judeus, os tinha por imundos.

E o aposto Paulo disse: “Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei”. – Romanos 2: 31. E segue dizendo: “Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás”. – Romanos 7:7. Sem Lei não reconhecemos que o pecado é pecado e assim não precisamos de Intercessor para a remissão dos pecados que não cometemos. Anulamos então Jesus.

E o apóstolo Paulo deu testemunho da Lei, dizendo: “Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo mesmo mandamento, me enganou e me matou. Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom. Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa, causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno”. Portanto, ele disse que pecado é sobremaneira maligno.

E segue confirmando a Lei: “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa”. – Romanos 7:11-16.

E o apóstolo João chancela as palavras de Paulo dando testemunho favorável das Escrituras antigas, onde diz que: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, (...)”.

Em nada disso vimos o dizer que a Lei é pesada. Pelo que me parece, a carne de porco é que é pesada, pois assim que cai no estômago já começa a dar indigestão e produzir gazes. E pareceu-me que trabalhar no sábado é que é obra, pois trabalho é que é comumente obra e não o descanso. Logo, descansar no sábado não é pesado, pois continuar escravizando-se atrás do dinheiro em vez de repousar na promessa de Deus de que nada nos faltará é que é pesado. E que peso, pois labutar durante seis dias já é pesado, que dirá seguir trabalhando por mais um dia sem repouso. Se Deus não nos amasse não teria feito o sábado e teria nos mandado trabalhar até morrer de estafa.

E daí para a frente, o que dizer de Apocalipse 1:7, onde diz que Ele "vem com as nuvens e todo olho o verá, até mesmo os que O traspassaram”? O que isto diz sobre a advertência de Cristo sobre Sua volta notável, "como o relâmpago, que sai do oriente e se mostra até o ocidente" e todo mundo o vê. Com tais palavras Ele justamente pretendia prevenir sobre as aparições de falsos cristos e falsos profetas que, “enganariam a muitos e, se possível fora, até os próprios escolhidos”. E Ele até acrescentou que se nos disserem que Ele está aqui ou ali não é para nem perdermos tempo verificando, pois “todo olho verá”.

Á luz disso, o que dizer da doutrina do “arrebatamento secreto” (que diz que só uns verão) e da doutrina geovita de “presença” (onde diz que a volta de Cristo é Sua presença entre os humanos e que Ele já está entre nós)”? Essas doutrinas são bíblicas?

Quanto ao estado dos mortos, Lázaro já tinha ido para o “seio de Abraão” quando Jesus disse que ele estava dormindo ou ele estava de fato a dormir? O que dizer de Eclesiastes 9:5-10, onde diz que não há consciência, nem sentimento, nem atividade, nem conhecimento algum no mundo dos mortos? Isto teria sido abolido também ou seria que para “Deus não ser Deus de mortos, mas de vivos”, Ele mesmo teria que contrariar a garantia que pessoalmente Ele deu a Adão e Eva de que, se comessem do fruto proibido, “certamente morreriam”, concordando então com satanás no que ele desmentiu a Deus garantindo que o transgredir não resulta em morte? Por acaso não sabemos bem que Deus e até os homens respeitam a vontade para depois da morte de alguém que a expressou enquanto ainda vivo, fazendo cumprir suas determinações e até reconhecendo suas assinaturas em documentos mesmo depois de morto? Certamente que quando Deus fala de Abraão, de Isaque e Jacó, fala da relação que tinha com eles quando estavam vivos e que Ele honrou, honra e honrará os acordos e promessas que a eles em vida fez, primeiro dando a terra de Canaã a seus descendentes carnais, bem como o Salvador a eles e a seus descendentes espirituais, e, finalmente a Canaã Eterna a todos os seus descendentes espirituais, inclusive a eles, que serão ressuscitados no dia da volta do Senhor, conforme o apóstolo Paulo bem descreve em Tessalonicenses.

De igual modo, quando falamos de nossos antepassados que já morreram, não falamos nada deles quando mortos, pois depois que morreram não tivemos nenhuma experiência com eles. Por outro lado, porém, eles continuam vivos em nosso sentimento e memória, pelo que até as instruções dos pais, avós, tios e amigos mais velhos continuam a nos ajudar e proteger por toda a vida mesmo depois que eles morreram, pois suas palavras se repetem em nossa mente.

De outra forma, porém, se a alma continua consciente depois da morte, porque Deus gastaria tempo mandando Ezequiel escrever que “assim como a alma do pai, a alma do filho também é de Deus e a alma que pecar, esta morrerá?

Portanto, convém estudar a Bíblia de forma tridimensional, examinando-a por todos os lados e também por baixo e por cima, para não tornarmos ela a palavra do inimigo de Deus, que ama a confusão e o desgoverno – o que acontece em um reino sem lei, que não é o caso do Reino de Deus. Portanto, se somos súditos desse Rei, se O amamos, devemos também amar e fazer que se cumpra a Sua Lei, pois assim estaremos cooperando com a glorificação do Senhor do Reino, bem como do Reino do Senhor, e Sua Lei garantirá que os resgatados por Seu sangue jamais se perderão outra vez. E Jesus diz que o Seu “jugo é suave e o” Seu “fardo é leve”.

Experimente guardar a Lei de nosso Senhor e verás que sentirás prazer em guardá-la, pois a guarda da Lei só nos beneficia e nos faz viver mais. Deus mesmo disse: “Honra teu pai e tua mãe” (teus pais [o Pai do Céu é Pai dos pais]). “Honra”, portanto, teus pais e o Pai do Céu, “para que se prolonguem teus dias na terra, que o Senhor teu Deus te dá”.

Amém!