CONVERSANDO COMIGO MESMO


Quando todos já dormiam certa noite, o sono me abandonou e eu pude conversar comigo mesmo, escutar minha voz e meus sentimentos calados que trazia no peito o medo do silêncio. Conversei com minha amiga solidão...ela tem tantos amigos! Encantei-me com minhas lembranças, sonhei com minhas vontades, e sorrí com minha tristeza. É como se de repente, a madrugada fosse uma fortaleza para meu ser fragilizado, imperfeito, remoendo uma grande dor no peito: a tua distância. Tua ausência me dava força para meu viver, e tudo que importava nesse instante era manter-se vivo, abrigado da morte súbita, fim para quem ama. Meu ser reclamava a proteção de teus braços, o aconchego de teu colo. O tempo não passava nunca, e o meu grito já era uma realidade, nem você conseguia me ouvir, mas com certeza sabia que ele existia.
Nossa virtude não é a coragem mas, a liberdade de "ter" um ao outro, sempre presentes no coração de cada um, sem maldades, sem exigências.  Nessa noite, após longa conversa comigo mesmo, descobrí que você e eu pertencíamos um ao outro, sem intermediários, e tudo isso é muito justo para duas pessoas que se amam com paixão, respeito e verdade, pilares da felicidade...
Ricardo Mascarenhas
Enviado por Ricardo Mascarenhas em 14/12/2009
Reeditado em 20/07/2013
Código do texto: T1977800
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