Cara a cara
De meu diário em 23/12/2004
Uma Flor para a jovem. Você ouviu?
Fica aí em cima só olhando sem dar a mínima pra ninguém. Vive carregando para cima e para baixo uma sacola de inseticída, mas há dias não vemos um mosquito. Eu sei, que você nos odeia e tem manhia de se imaginar discutindo consigo mesmo. Você que me contou, não se lembra? Tudo bem eu não vou contar pra ninguém. Ah, mas você também me disse que a única coisa que te tras de volta a uma existência humana é um bom livro pra ler, e eu sei que isso é muito bom, te faz crescer. Você que me ensinou. Mas não pense que sou grato a você em tempo integral. Às vezes eu sinto raiva de você por deixar as coisas aparentemente grandiosas demais de lado... Como uma flor para a jovem.
Intrigas a parte, somos muito parecidos. lembra de quando ficamos acordados pela primeira vez até meia-noite? ou de quando levamos uma surra de um garoto e daí deixamos de acreditar que eramos indestrutíveis? Eu chorei também. Eu sei que isso nos faz crescer. Você que me ensinou. Mas não pense que te perdoei por ter errado em Abril e em setembro, isso pode demorar bastante. Tá me ouvindo? Ei, me escute! Não há mosquitos por aqui, você já matou todos, até o ultimo que escondi no meu ouvido esquerdo. Acho que é por iso que você me odeia. Não pelo mosquito, mas por guardar coisas que você detesta e fingir que nada está acontecendo. Como aquela flor para a jovem.