Uma carta de amor...que um dia escrevi.
Explicar o sinto é difícil... faltam palavras pra descrever o estado de espírito em que me encontro. Parece-me que nem mesmo o Aurélio, tem suficientes expressões para ajudar-me nesta empreita.
Reviro meu interior em busca das palavras.
Eu, que sempre escrevi o que vai na alma, que sempre brinquei com as palavras, fiz joguinhos com verbos... abusei da gramática e de seus tantos recursos literários, me vejo assim, paralisada perante meu sentimento.
Tentei buscar expressões em outros idiomas com os quais me familiarizo... mas foi vã esta minha tentativa.
O que sinto é tão maior do que eu, preenche-me de uma forma tão absoluta, desnuda minha alma tão sem cerimônia, que nem rubra sinto minha face... nem mesmo causa-me estranheza ou pudor, ver-me assim, tão exposta, tão nua em meu sentir.
Um sentir tão intenso e tão senhor de si, que tudo pode que tudo sabe que tudo esclarece de uma forma tão sincera e verdadeira que clareia os recônditos mais profundos do meu ser...
É como se eu descobrisse que o universo passou a habitar dentro de mim, não existindo segredos ou mistérios que não tenham sido desvendados, tudo simplesmente deixou de ser, tudo agora me foi revelado e esclarecido... tudo agora é em mim, tudo agora comigo está.
O que eu sinto é uma clareza tão absoluta, uma verdade tão simples... que fico assim, pasma diante de tamanha revelação, a ponto de sentir paralisada a minha fluência verbal, anestesiada a minha capacidade de expressão... adormecida a minha habilidade de confessar... não para o mundo, mas para mim mesma, que o amor que sinto em mim é tão puro, verdadeiro, tão maior do que eu... que me faz ficar assim, de joelhos e submissa, em completa e total rendição...
Por isso não encontro as palavras, faço apenas baixar meus olhos, abrir meus braços e assim, sem nenhuma resistência, me entregar!