Como aceitar?
E quem me ajudará a aceitar que de fato é assim? Não há mais fantasias capazes de suprir a ausência da realidade. O calor de alegria imensa que chegava a me arrancar o ar durante a noite quando as esperanças se renovavam, não mais existirá. Resta-me assumir a veracidade das provas e não mais contestá-las, pois tudo indica para apenas uma direção a qual já não posso ignorar, por mais que eu queira.
Alguns dizem que regras de comportamento são um método duvidoso para tentar prever as atitudes de outra pessoa, mas são tão poucas as chances de que este seja um caso excepcional em que tudo foge a regra e contraria os métodos, que decido me dar por vencida. Também está na hora de perceber que não sou diferente de ninguém e que, infalivelmente, eu sofreria os mesmos males que assolam qualquer humano comum, dotado de emoções. Desejo apenas que, assim como todos, eu me reconstitua após a queda e volte a ser quem eu era, pois minhas forças parecem ter sido sugadas ao mesmo tempo em que o ego alheio se engrandeceu.
Anseio agora pela mesma dor que tenho evitado sentir há tanto tempo. Experimentei-a com doses controladas, mas, a cada vez que os vestígios de um sofrimento vindouro se aproximavam, eu buscava me encher de esperança a fim de pôr fim a possível lamentação.
Quero que esta dor venha de uma vez só e me arranque lágrimas. Não posso tolerar vê-la crescer a cada dia e depois ser interrompida apenas para, logo em seguida, ser renovada. Preciso que meu orgulho se quebre, seja verdadeiramente desafiado para, só assim, regenerar-se.