PROTESTO AO PRECONCEITO CONTRA AS MULHERES

Todos devem ter assistido, lido, ouvido falar sobre a violência que uma jovem sofreu por estar usando uma roupa justa, curta, vermelha e por ter os cabelos tingidos de louro, pois ela iria para uma festa após a aula. Foi acusada de provocar os jovens, incluindo o aumento do percurso até a sala de aula. Provavelmente, ela sentiu-se bonita e quis mostrar-se. E daí?

O diferente ainda é punido com toda a sorte de preconceito.

Formou-se, a meu ver, um verdadeiro corredor polonês com todo o tipo de insultos. O aconteceu ali foi "um estupro coletivo" praticado por aqueles indivíduos; um "estupro moral".

Se aquela moça fosse negra, certamente aqueles indivíduos teriam receio de fazer o que fizeram, por medo de ser preso por racismo, considerado crime inafiançável. Mas, o que aconteceu ali não foi um crime de racismo, preconceito, falta de respeito à dignidade humana?

E o que dizer da direção da universidade que não ousou punir com suspensão, expulsão, ou seja, lá o que for permitido pela legislação em vigor da instituição.

Pena que a instituição e a aluna estão, infelizmente, num país chamado Brasil, onde a lei existe, mas são apenas efetivamente usadas para prender preto, puta e pobre. Se ela estivesse num país de primeiro mundo, ela, com certeza, estaria milionária ao final de um processo que ela colocaria contra todos os envolvidos. O curioso é que ela é branca, corpulenta e pobre.

Isso faz- me lembrar dos tempos de adolescente e jovem. O tempo da minissaia, onde as jovens do colégio onde estudava dobravam o cós da saia até ficar no comprimento que elas queriam. Usei minissaia.

Havia garotas que exageravam. E aquelas que tinham pernas grossas e bonitas colocavam sem medo, pois sabiam ser admiradas. Narcisismo aparte era bonito sim. Havia a longilíneas, magras, de pernas finas que ninguém prestava atenção, fosse o tamanho que fosse. Aliás, eram chamadas de “cambitos finos” e etc.

Olha que isso não faz muito tempo, foi na década de 1960 a 1980. Surgiram, então, as saias “mides, longas, os longuetes”, etc.; nem sei se é assim que se escreve. Muito anos depois, a moda ficou eclética. Mas, ao contrário dessas décadas, quem pode usar saias curtas e justas são exatamente as “cambitos finos” de hoje. Pernas grossas estão fora de moda. Pernas saradas, musculosas, ou os cambitinhos fino são o chique do momento. Ah! Tem modelos que até colocam silicone da panturrilha para ter pernas mais bonitas. O silicone é a arma poderosa para todas as mulheres em qualquer idade usar e abusar para dar um “grau” no corpo. Nisto, ele é bem democrata.

Só gostaria de saber: e se fosse uma universidade "classe A", isso aconteceria? Mas, falando em "classe A", o preço diz o perfil do cliente. Qual o valor que aquela estudante, assim como os outros pagam? O cliente não tem sempre razão? Ela é filha de algum político, de algum empresário de renome, de alguém que a opinião publica, a polícia, a instituição de ensino em que ela está vinculada, teria medo de fazer qualquer comentário ou atitude por medo de punição?

A garota foi classificada de “prostituta” e foi agredida de todas as formas possíveis, faltou apenas ser estuprada fisicamente, por que emocionalmente, moralmente ela o foi.

Qual deve ser a punição para a direção da faculdade e de todos os alunos que participaram do fatídico evento?

Ah! Ia esquecendo. Eles também são clientes e como o cliente tem sempre razão, a faculdade pode ser punida com a migração dos alunos para outras instituições. Só que provavelmente eles não poderão ir para as instituições classe A porque eles cobram uma fortuna. Restam as federais; será que eles teriam cacife para entrar em algum de seus cursos, já que só entram os que têm excelentes notas, de acordo com o curso, e se faz parte de algum grupo de cotas?

Não estou defendendo aqui a falta de bom senso em saber usar uma vestimenta que condiga com a instituição de ensino. Estou falando de liberdade e o uso dela. Garantida pela Constituição e pelas leis que neste país, umas pegam outras não.

Como mulher, exijo respeito, dignidade, consideração e a observação de regras de conduta que faz de nós cidadão. É como cidadã que exijo uma atitude do MEC frente à direção dessa instituição de ensino.

No futuro eu espero que atitudes com esta sejam rechaçadas pela população, pela liderança, e pelo cumprimento da lei, para que esta não seja copiada por outros lugares e isto acabe virando lugar comum. Os indivíduos devem temer denegrir, aviltar, insultar o seu semelhante por medo da punição que acompanha tal prática.