CARTA DO AMIGO GERALDO SAMPAIO

Meu grande amigo Roberto!

Apesar dos anos sem noticias, muito tempo sem nos vermos, tenho você como um dos poucos e grandes amigos que fiz na vida. Infelizmente, o tempo e a distancia nos afastaram, mas aqueles sentimentos fortes e sinceros não se apagam. Ficam às vezes adormecidos mas um ligeiro “toc” na nossa memória e voltam com intensidade.

Que vontade de te ver, amigo. Te dar um abraço forte e ficarmos conversando miolo de pote, como se diz no Nordeste, para aquelas conversas que não têm fim. Algumas interrupções por vezes longas, é verdade, mas mesmo que continue depois de anos o papo segue como se não tivesse parado.

Relembrar nossas pescarias em Porto de Galinhas, nossas peladas de praia com a bola do baixinho Arnaldo, acampamentos e outras aventuras que fizemos provavelmente na idade que estão hoje os nossos filhos. Muito que relembrar, mais ainda para contar sobre nossas vidas desde o tempo que vivíamos no Recife.

Lembro até de uma vez que tentei regular seu carro, um fusca verde todo apontado, que no final teve que ir se arrastando até uma oficina próxima para que um experto pudesse colocar as coisas no lugar e o carro voltar a funcionar. E muitas outras ...

O “toc” que tive hoje foi revendo alguns papeis encontrei sua carta de janeiro/96, acredito que foi o ultimo contato que tivemos. Reli com prazer algumas de suas crônicas, “Norte e Nordeste”, “Eurival, o Solitário”, entre outras.

Refleti sobre a vida lendo suas crônicas de fevereiro de 94, acredito que um período difícil para você, mas com uma mensagem otimista no conteúdo, como você sempre transmitiu mesmo nos piores momentos. Este é o mundo que temos para viver, algo podemos fazer para mudar e devemos lutar por isso. Quanto à nossa vida, creio que temos um pouco mais de controle, mesmo não sendo total, devemos lutar mais ainda para viver em paz e felizes, que é o mais importante.

Estou muito bem pois os meus filhos estão bem, tenho saúde e disposição. Agradeço a Deus por tudo isso. Espero receber noticias suas e dos seus.

Um forte abraço do amigo,

Geraldo Sampaio

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Rio de Janeiro, 14/07/2000