Carta de amor impossível

Talvez eu vá me perder em palavras tentando explicar-te o que sinto. Mas foi a única forma que encontrei para declarar o meu amor. Pois falar-te assim frente a frente é impossível.

Enquanto tu estás aí, encarcerada nesse convento, eu estou aqui entre quatro paredes com o coração partido em mil pedaços.

Sei que amar-te é um grande pecado, pois não se pode amar uma noviça que logo será santa, um anjo!

Mas como não poderia amar um anjo como olhos tão luzentes e lábios cristalinos como rubis...

Eu não contive esse coração que se alegrou tanto ao te ver, e hoje meus dias são todos iguais, uma monotonia, um vazio que você deixou ao regressar para o convento.

As vezes sinto que estou morrendo. Talvez essa seja a solução para meu amor impossível. Morrer. Morrer por ti, um anjo! Então começo a me lembrar de quando eu era criança, é eu também já fui um anjo, tão inocente... Lá eu não precisava morrer por ninguém. Porém eu cresci e padeço por ti, oh donzela tão singela.

Por que tira meu sono? O que fiz para merecer sofrer de tal forma? Por que mata um moço que antes tão feliz era e hoje a palidez mórbida habita seu semblante?

Terminarei essa carta por aqui, pois sinto as forças se esvaindo. Mas antes, gostaria de fazer um ultimo pedido:

Quando eu por fim padecer, escreva estas palavras na lápide de meu descanso eterno:

“ – Aqui jaz aquele que

Por um anjo se encantou

Essa donzela o sono o tirou

Mas o amor era impossível

Ele morreu porque Amou”.

Lorena Queiroz
Enviado por Lorena Queiroz em 05/11/2009
Código do texto: T1906981