Carta de amor impossível
Talvez eu vá me perder em palavras tentando explicar-te o que sinto. Mas foi a única forma que encontrei para declarar o meu amor. Pois falar-te assim frente a frente é impossível.
Enquanto tu estás aí, encarcerada nesse convento, eu estou aqui entre quatro paredes com o coração partido em mil pedaços.
Sei que amar-te é um grande pecado, pois não se pode amar uma noviça que logo será santa, um anjo!
Mas como não poderia amar um anjo como olhos tão luzentes e lábios cristalinos como rubis...
Eu não contive esse coração que se alegrou tanto ao te ver, e hoje meus dias são todos iguais, uma monotonia, um vazio que você deixou ao regressar para o convento.
As vezes sinto que estou morrendo. Talvez essa seja a solução para meu amor impossível. Morrer. Morrer por ti, um anjo! Então começo a me lembrar de quando eu era criança, é eu também já fui um anjo, tão inocente... Lá eu não precisava morrer por ninguém. Porém eu cresci e padeço por ti, oh donzela tão singela.
Por que tira meu sono? O que fiz para merecer sofrer de tal forma? Por que mata um moço que antes tão feliz era e hoje a palidez mórbida habita seu semblante?
Terminarei essa carta por aqui, pois sinto as forças se esvaindo. Mas antes, gostaria de fazer um ultimo pedido:
Quando eu por fim padecer, escreva estas palavras na lápide de meu descanso eterno:
“ – Aqui jaz aquele que
Por um anjo se encantou
Essa donzela o sono o tirou
Mas o amor era impossível
Ele morreu porque Amou”.