A uma amiga que sofre a dor da perda
Eu não acho estranho que sintas dor, nem que eleve essa dor ao âmago da boa pessoa que és:
Perdemos todos os dias pessoas queridas, pessoas conhecidas, pessoas desconhecidas, perdemos todos os dias, um pouco das nossas vidas, muito dos nossos sonhos, mais ainda da possibilidade de vê-los concretos um dia.
Perdemos todos os dias fios da teia da esperança, perdemos todos os dias, até o nascer do sol, porque estamos ainda dormindo, ou o pôr do sol, porque está chovendo, o céu é cinza, e não saímos a rua para molhar os pés.
Perdemos todos os dias o que ganhamos todos os dias, e não vou ser insensível: perdemos em muitos dessses dias pessoas por demais queridas, jamais possíveis de serem por outras pessoas substituídas, porque com elas perdemos parte das nossas vidas, grandes pedaços de nossas almas, parte mesma da nossa carne.
As vidas que ganhamos e reproduzimos devemos sempre elevar, todos os dias, por beijos, por abraços, por palavras doces, por carinhos, para que nos sobrem as boas lembranças sobre as más recordações, para que deixemos ao partir saudades de bons momentos, de amizade, de amor, de alegria aos que sobreviverem a nós.
O que posso dizer a mais é que devemos sempre celebrar incondicionalmente a vida!
Adroaldo Bauer
Publicado no Recanto das Letras em 20/10/2008
Código do texto: T1237666
Republicado aqui em razão de comentário impertinente e insensível a meu ver, que não tinha assinatura, pois anônimo fora o absurdo procedimento.
Não sabendo o que fazer para ao menos apresentar minhas razões em argumento de defesa do texto, deletei o anterior, que contava com 96 visitações, e o reponho com o sentido anterior, de homenagem e sentido de conforto a uma amiga.
Grato pela compreensão de quem chegar até aqui.