CONSELHOS PARA AS MULHERES XI

Conselhos para as mulheres.

Mais uma vez.

Até quando?

Não sei.

Até quando existir mulheres, até quando existir homens, até quando eu existir.

Tenho 35, talvez mais uns 50 ou 60 anos de vida.

Considerando que sou saudável e não possuo vícios.

Se a sorte for generosa comigo e nenhuma bala ou acidente vierem a meu encontro, talvez viva ainda para escrever mais uns 10.000 conselhos para as mulheres.

Vai ser difícil é encontrar os algarismos romanos para numerá-los!

Vamos lá.

Mulher, fiquei sabendo que você tem a pretensão de ser perfeita.

Isso é verdade?

Se for, saiba que isso é uma fonte inesgotável de sofrimentos.

Por quê?

Porque simplesmente ser humano e perfeição são coisas auto-excludentes.

Não é possível a nós, tanto homens quanto mulheres, essa quimera inatingível chamada perfeição.

Você é esposa, mãe, trabalha fora, estuda, cuida da casa, faz cursos, ministra palestras, responde e-mails, ajuda seus pais...

É bem provável que esteja à beira de um colapso.

Pois, por melhor que uma pessoa seja, não conseguirá dar conta de maneira satisfatória de tantas atividades.

Então vêm a depressão, o sentimento de fracasso e as terríveis auto-cobranças.

O relacionamento amoroso acaba, os filhos estão rebeldes e vão mal na escola.

Você tenta dar conta de tudo e sente-se culpada pelas coisas erradas que acontece.

Relaxe.

Não se sinta culpada.

O sentimento de culpa não serve para nada.

A não ser maltratar aquele que o sente.

O sentimento de culpa é o sentimento de onipotência.

De se achar culpado(a) pelos males do mundo.

Pense bem.

A poucas décadas o ser humano ainda não estava exposto a essa miríade de atividades.

As pessoas curtiam mais a vida, não estavam tão preocupadas com a carreira, e essa coisa insana de “vencer” a qualquer preço.

Vencer o quê?

Você precisa provar o quê?

A quem?

Não fomos feitos para essa loucura do mundo atual.

Essa sociedade, esse nosso modo de viver, não nos pertence.

Já perguntou a si mesma se estes são seus reais valores?

Se é isso que quer para sua única vida?

O curso que faz na faculdade, o trabalho que tem, o relacionamento em que está, a vida que leva, são, todos estes aspectos, conscientemente escolhidos por você?

Se não for é melhor parar já e escolher, pois essa vida, do modo que você a conduz, vai te levar à loucura.

E tome Prozac e Lexotan!

A nós, materialmente falando, basta a condição de remediados.

Riqueza, status, bens e fama são ilusões, quimeras!

Sua vida, minha querida, assim como a minha, caminha rapidamente para o fim.

É fato, não?

Então, esqueça essa coisa de querer acertar em tudo que faz.

Dê uma chance a você mesma.

Tente, erre, aceite errar.

No final do século XIX e início de XX, pessoas como Freud e o excepcional James Joyce já percebiam a loucura na qual a humanidade estava se inserindo.

Drummond também muito se admirou com esse século de loucos.

“Era dos Extremos”

Duas guerras mundiais, fome, miséria, armas nucleares...

Cadê a razão?

Cadê a evolução da história, do ser humano?

Freud derruba a razão e traz o inconsciente.

Tudo isso a mais de 100 anos e você quer ser perfeita!

Se queres permanecer em sofrimento continue assim, querendo em tudo ser impecável.

Se almejas um pouquinho de paz nessa nossa curta vida, seja mais gentil com você mesma.

Aceite-se, imperfeita, como todos os seres humanos são.

Hoje a conversa foi profunda, não?

Um pouco de falta de juízo não faz mal a ninguém.

Apenas para ser contraditório, digo, imperfeito.

Te cuida.

Beijos!!!

Frederico Guilherme
Enviado por Frederico Guilherme em 02/11/2009
Reeditado em 02/11/2009
Código do texto: T1900284
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.