CARTA DA MINHA FILHA ANA CLAUDIA

Querido pai:-

Ultimamente tenho recebido com freqüência cartas suas. Eu e Décio não deixamos de ler

com prazer sua escrita tão singular e criativa. É a sua veia de escritor ... Suas crônicas nos

transportam. Nos fazem sentir vontade de “estar lá”, fazer parte dela.

Pai, eu sinto muito a sua falta. Os seus netos têm em “qualidade” um avô muito especial.

Digo isso sempre para eles. E quanto a mim, tenho um pai que representa tudo o que é de maior e importante em minha vida.

Eu ainda não sei se de fato vai ser possível irmos nas férias de julho a BH. Décio tem sido muito requisitado no trabalho. Mas, a principio, “burocraticamente” tudo está marcado. Vamos aguardar e torcer para que venha logo.

As crianças estão lindas e cheias de saúde. O Victor anda com desenvoltura por todos os cantos da casa. É muito atrevimento para quem fez dez meses agora e não tem um dente na boca! Mas ainda assim dá para todos o sorriso amigável e banguela que lhe é peculiar. A Isabela está uma boneca, Veja você mesmo na foto, ela até para e faz pose. Cada dia está mais inteligente. Já dorme melhor (ufa!). Esperei quase três anos por isso. Brinca muito com o “Vitô” (é assim mesmo que ela fala, como boa paulistana que é), já são bons companheiros.

O Décio está bem. Outro dia seu braço teve aquele “probleminha” de luxação. Marquei médico pra ele ... Ele foi, ouviu aquele papo de cirurgia e voltou “mudo” para casa. Fazia tempo que ele não tinha esse problema. Precisa criar coragem para operar.

A novidade é que eu me inscrevi para o concurso da C.E.T. (Cia. Engenharia de Trafégo) para o cargo de técnico em comunicação visual (salário de $1.000,00). Pensei, quando vi, já tinha me inscrito. Se eu passar, vejo depois o que farei com meus “anjinhos”. O horário de estudar as apostilas é à noite, depois que todos vão para a cama. Aguardemos! A sorte está lançada.

Acho que vou ser repetitiva, mas estou com muitas saudadessssss!!! Outro dia, o Décio me falou:- “-Baixinha, o seu pai sempre escreve para você e você não escreve ...” Era verdade!

Eu já escrevi tanto na minha adolescência que cansei, mas não desaprendi. É quase um bloqueio somado ao comodismo moderno do bom telefone. Então eu pensei:- “Isto é uma vergonha!” (o Boris Casoy ia gostar disso) e comecei essas linhas com entusiasmo. A mamãe deverá ler esta carta também.

Pois bem, mãe, eu te amo muito e te espero aqui em breve. Minha casinha continua aqui. O endereço é o mesmo. O apartamento “cresce” quando a senhora está aqui. É bom demais. Bom mesmo seria se você e o papai viessem juntos.

Bem, deixo minhas recomendações a todos. Um beijo especial em meus irmãos, nora e sobrinho do coração. Tenho uma vizinha que tem dois filhos:- Victor e Igor. Bom gosto o dela, não é mesmo?

Amo vocês. Um grande beijo da filha,

Ana Claudia

-o-o-o-o-o-

São Paulo, 19/04/97

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 01/11/2009
Reeditado em 01/11/2009
Código do texto: T1898516
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