A defesa do Blogueiro Diarista de Merda

O Sr. Desconhecido, comentou isso sobre o post anterior. "Seu mundo é pobre, pequeno e cansativo, seu blogueiro diarista de merda". Leia na íntegra aqui . Ele, a mente por trás do comentário espirituoso, provavelmente não gostou muito do que eu disse sobre os macacos da filosofia ou das festas de gente pensante. Claro que a crítica nem é sobre o pensamento nietzschiano, quem em partes homeopáticas eu até concordo. É sobre o fato de Nietzsche e chopin serem apenas macacos, como eu, você e o senhor desconhecido ali. Chame isso de uma retomada schopenhaueriana, mas somos meramente humanos demais. Macacos que pensam até pensam, eu concordo, mas ainda são macacos. E no fim, é só isso mesmo que nos qualificaria. Diria, talvez por ironia, que não gostaria de ser mais que isso: Um estúpido macaco que pensa.

Certamente somos ferinos em nossos comentários anônimos. Mas peço ao senhor (ou senhora) anÔnimo ali que nos dê um nome. A direção desse excêntrico diariozinho de merda tem o prazer quuase mórbido de confrontar com inteligências críticas inteligentes. Mesmo que a definição disso seja questionável para ambas as partes. Da mesma forma que eu não tenho a intensão de parecer intelectual nem tão pouco comnhecedor das alegorias carnavalescas dessa massa intelectual de merda (mauz aí), também acho muito pouco sábia ou sequer digna de credibilidade por qualquer parte que seja um comentário anônimo, que não dá um rosto à própria opinião. Sem querer ofender ninguém, mas adoraria conversar contigo e definir nossos pontos de vista num acordo racional, com nomes e personalidades de ambos os lados. Por que até agora, amigo, só eu estou dando as caras nesse diariozinho de merda. Você omitiu a sua.

Eu ia dizer "cresça e apareça", mas além de soar senso comum demais, seria uma injustiça. Afinal, para afirmar a limitada geografia de meu cosmo (que é micro, mas é meu), é preciso no mínimo uma percepção apurada das entrelinhas. Estou verdadeiramente curioso para conhecer esse intelecto por trás do anonimato.

Você é escritor? Quer dizer, para se ofender tanto com o fato de eu SER UM, você só pode ser escritor. E eu sou sim, meu amigo desconhecido, sou sim com muito orgulho do que faço. E não sei se sou da sua estirpe, ou de qualquer outra, mas sei bem que literatura é um terreno amplo e democrático o suficiente para que se coexistam mentes operantes na engenhosidade do raciocínio como a sua e blogueiros diaristas de merda como eu. Não permita que minha verborragia ou críticas cínicas ofusquem seu modo de pensar. Saiba que pensar é um exercício auto-compensativo. Não precisa de minha aceitação assim como graças a nosso córtex desenvolvido eu não preciso da sua.

Sobre a literatura divinopolitana (você deve ser daqui, né? Ninguém se ofenderia tanto se não fosse daqui), eu continuo achando o que disse que achava. Gravata demais pra pouco pescoço. Mas a ressalva que acrescento é que justamente aqui travei conhecimento de grandes escritores que hoje são meus amigos, usando ou não gravatas. E o melhor, eu trabalho com eles, mesmo sendo um blogueiro de merda. Nessa cidade do divino tédio cultural, eu conheci atores e escritores fantásticos, músicos extraordinários e cabeças pensantes. Todos macaquinhos, isso não é legal? Vou destacar aqui: Cochise César de Montecarmo (o link é da página pessoal do cara), Franco Nascimento (link do Recanto), Paulo Mendonça (também do recanto), a visceral poetisa e artista Amanda Aguiar (link de sua página pessoal), dentre outros vários, como quase todo o pessoal do BARKAÇA e eticéteras mais.

Esses eu conheci por aqui, são daqui, e respiram isso aqui. Não seria tão fatalista a ponto de acreditar que todo escritor por aqui tende a ser enfadonho, ou me colocaria nessa mesma posição. O que disse, e repito, é que a grande maioria o é.

Minhas críticas sobre a música erudita foi circunstancial, assim como eu OUÇO dependendo da circunstância. Porém, é um excelente ilustrativo para essas reuniões regadas a masturbação intelectual. Todo mundo esporrando nas caras um dos outros toda a sua infindável fonte de sabedoria e conhecimento sobre questões realmente relevantes.

E quem não percebe a ironia de tudo o que escrevo só pode não estar lendo direito ou deveria estar lendo outra coisa mais sadia. Concordo que eu sou nocivo em alguns pontos, que minha opinião tende a ser ácida demais para um cara que tem gastrite. E talvez o modo como construo frases supostamente inteligentes e esboço um domínio linguístico que contradiz o conteúdo explicitado seja um tanto chocante para quem insiste em falar correto e não viver o que diz.

Mas elucubrações assim ao léu são inúteis, tão inúteis quanto bebericar um vinho ao lado de uma velha vitrola rodando um vinil que está tossindo algo de Chopin.

Muitas pessoas me dizem que meu "estilo linguístico" tem se tornado cada vez mais rebuscado sem perder a essência. Isso me deixa feliz por saber que estou evoluindo enquanto escritor sem deixar de ser o sacana supérfluo que sempre fui.

Mas por outro lado, tem pessoas que acham essa verborragia e irritabilidade textual um sintoma de fragilidade do conteúdo, ou simplesmente inabilidade para argumentações inteligentes.

Concordaria com ambas as coisas, e tentaria aprender com as duas opiniões. Esse blogueiro de merda, que é um ESCRITOR DE MERDA também, está qui para crescer e dar frutos, ora amargos, ora doces.

Triste saber que esses frutos não agradam a todos, mas a vida é assim mesmo, não é? Cheia de gente que gosta e gente que não gosta da gente e do que a gente faz.

Na minha opinião humilde de quem só escreve por que não sabe segurar o vômito, acho muito provável que pouquíssimos escritores irão gostar do meu texto.

MAs considerando que um livro é escrito para leitores, até que a equação é justa. Ao menos por parte dos leitores que pude tomar conhecimento, as opiniões são mais elogiosas que críticas.

Para encerrar:

Sou escritor porque gosto de escrever. Não porquê tenha ambições intelectuuais de integrar as Academias ou rodinhas culturais. É só porque gosto de escrever. E por sorte minha ou talento meu, as pessoas lêem.

Afinal, toda essa descarga escatológica parte do pressuposto que somos, no nível teológico, filosófico e biológico da coisa, apenas mais um macaco.

Presunção demais querer ser mais que isso, acha não?

Temos polegares opositores e cérebros desenvolvidos. Somos auto-conscientes e conseguimos tocar um violão ou digitar um teclado.

Mas isso a meu ver é mais um acaso evolutivo que uma qualidade transcedental e determinista a que somos imbuídos. Podia ser você ou poderia ser mais um meteorito. São apenas átomos, partículas de qualquer coisa. Poira das estrelas, matéria dos sonhos, sopro de vida. Chamemos do que quisermos chamar.

Mas isso não nos torna especiais diante da arte, que atravessa-nos mas não é gerida em nós. Não achemos que ser inteligentes e pensadores, filósofos ou escambal vai nos dar um controle maior sobre essa arte que expelimos pelos poros junto do suor fedido.

Defendo os macacos, sou um deles, não há culpa alguma sob nós.

Mas para que meter a porra do pensamento numa escala taxonômica, como se o PENSAR fosse constituído de espécies e subespécies, gêneros e famílias?

Não, eu só penso. Você só pensa. E todo maldito macaco humano pode fazer isso.

Não se deixe enganar.

Abraço de paz,

de um escritor de merda,

FELIPE LACERDA.

Felipe Lacerda
Enviado por Felipe Lacerda em 26/10/2009
Código do texto: T1888167
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