Ao destinatário
É exatamente por isso que não deves olhar-me.
Pois, por ti, meu peito perde o rumo, e eu já não sei o que fazer, dizer ou, até mesmo, ser.
Porque se torna óbvio, quando me olhas, que a luz da própria lua se torna menor que a luz dos olhos meus em tua direção.
Então volte, e somente ao teu redor contemples.
Pois seguir-te é um risco e amar-te impossível, para todo o sempre, se torna.
E, não me julgues ao decorrer dos versos.
Não vêm de mim, de outra, senão, que em mim se faz presente, por mais que eu tente mantê-la em segredo, adormecida.
Cale-se e não diga nada.
Que tuas palavras tornam-se tempestade em minhas veias e inundam meu coração, fazendo-o bater mais forte, desmedido.
Peço apenas que continue teu caminho.
E eu, em sonhos, muitas vezes, permitirei que aquela, a quem guardo secretamente, te encontre, em algum lugar também secreto, onde os olhares, as palavras e os desejos possam ser sentidos e multiplicados. Sem medos ou anseios.
E não guarde estas linhas, pois não as escrevi conscientemente. Apenas dei mãos aos sentidos de alguém que em mim repousa, à espera de sonhos!
Então vá, antes que não haja volta,
antes que desperte-a para sempre!