Ao destinatário

É exatamente por isso que não deves olhar-me.

Pois, por ti, meu peito perde o rumo, e eu já não sei o que fazer, dizer ou, até mesmo, ser.

Porque se torna óbvio, quando me olhas, que a luz da própria lua se torna menor que a luz dos olhos meus em tua direção.

Então volte, e somente ao teu redor contemples.

Pois seguir-te é um risco e amar-te impossível, para todo o sempre, se torna.

E, não me julgues ao decorrer dos versos.

Não vêm de mim, de outra, senão, que em mim se faz presente, por mais que eu tente mantê-la em segredo, adormecida.

Cale-se e não diga nada.

Que tuas palavras tornam-se tempestade em minhas veias e inundam meu coração, fazendo-o bater mais forte, desmedido.

Peço apenas que continue teu caminho.

E eu, em sonhos, muitas vezes, permitirei que aquela, a quem guardo secretamente, te encontre, em algum lugar também secreto, onde os olhares, as palavras e os desejos possam ser sentidos e multiplicados. Sem medos ou anseios.

E não guarde estas linhas, pois não as escrevi conscientemente. Apenas dei mãos aos sentidos de alguém que em mim repousa, à espera de sonhos!

Então vá, antes que não haja volta,

antes que desperte-a para sempre!

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 24/10/2009
Reeditado em 24/10/2009
Código do texto: T1883915
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