O XALE COR DE ROSA
(Sobre o conto "Novelo, Novela" do livro Estações de
Sônia Machiavelli Corrêa Neves)
Cara Sônia,
lhe envio estas mal traçadas linhas, pois tenho uma enco-
menda a fazer.
Li seu livro "Estações", rápidamente e me tocou muito a
história da das Dores. Fiquei a imaginar se você narrava uma
projeção do futuro naquele inverno, ou um fato passado, con-
cretizado.
Enquanto lia então lembrei-me de um lindo xale de crochê
que fiz no inverno de 1972.
Meu cunhado muito querido, professor de artes e história,
me disse que eu o havia feito numa noite só; aquela em que
pela primeira vez ele entrou em nossa casa começando a na-
morar minha irmã.
Sei que ele exagerou, fiz o xale em cinco dias, ou quatro,
talvez, estava frio e se usava muito aquele tipo de agasalho,
era moda na época.Rosas de lã, inseridas em quadrados que
unidas formavam um grande L, bastante franjas nas pontas e
pronto, já estávamos prontas para ir na AEC!
Usei-o muito naquela época. Levei-o a Campinas no casamen-
to de minha prima que hoje vive nos Estados Unidos, ela esteve
aqui na semana passada.
Usei o xale combinando com um vestido também rosa e longo
como se usava, lembra?
Pois então, Sônia, se a história for uma projeção para o futuro,
podemos ajudar a Das Dores: Eu lhe envio o Xale, você entrega
para ela, diga a ela para não fazer somente tricô. Deixe que leia
esta minha carta. Quem sabe ela resolva escrever sobre sua vida,
e na velhice tenha muitas histórias para contar aos netos, ao lado
do seu amado pianista...
E então possa morrer feliz, em paz consigo mesma, sem amar-
guras, envolta não no xale negro, aquele que você descreve tão
bem, mas no xale cor de rosa que eu envio a ela com todo meu
carinho.
Algo me diz, Sônia, que a Das Dores é o oposto da Narcisa, mas
a solidão pode ser o destino das duas.
Abraços, de sua amiga de longa data.
Envio a você também, uma linda xícara de café que veio de Ro-
ma, herança da mãe de minha prima, esta dos Estados unidos. É
para a Antônia esta relíquia. Tenho duas, uma agora é dela, para
tomar cafézinho de manhã; sei que ela merece.
Fui agora pegá-la, Sônia para embalar. Ela é toda negra, com
uma linda e única rosa cor de rosa no centro; por dentro toda
branca. E a marca do Vaticano ao fundo, a que ficou aqui é dou-
rada, não duvide da fé, Sônia, nunca!
Abraços
Adria
(Sobre o conto "Novelo, Novela" do livro Estações de
Sônia Machiavelli Corrêa Neves)
Cara Sônia,
lhe envio estas mal traçadas linhas, pois tenho uma enco-
menda a fazer.
Li seu livro "Estações", rápidamente e me tocou muito a
história da das Dores. Fiquei a imaginar se você narrava uma
projeção do futuro naquele inverno, ou um fato passado, con-
cretizado.
Enquanto lia então lembrei-me de um lindo xale de crochê
que fiz no inverno de 1972.
Meu cunhado muito querido, professor de artes e história,
me disse que eu o havia feito numa noite só; aquela em que
pela primeira vez ele entrou em nossa casa começando a na-
morar minha irmã.
Sei que ele exagerou, fiz o xale em cinco dias, ou quatro,
talvez, estava frio e se usava muito aquele tipo de agasalho,
era moda na época.Rosas de lã, inseridas em quadrados que
unidas formavam um grande L, bastante franjas nas pontas e
pronto, já estávamos prontas para ir na AEC!
Usei-o muito naquela época. Levei-o a Campinas no casamen-
to de minha prima que hoje vive nos Estados Unidos, ela esteve
aqui na semana passada.
Usei o xale combinando com um vestido também rosa e longo
como se usava, lembra?
Pois então, Sônia, se a história for uma projeção para o futuro,
podemos ajudar a Das Dores: Eu lhe envio o Xale, você entrega
para ela, diga a ela para não fazer somente tricô. Deixe que leia
esta minha carta. Quem sabe ela resolva escrever sobre sua vida,
e na velhice tenha muitas histórias para contar aos netos, ao lado
do seu amado pianista...
E então possa morrer feliz, em paz consigo mesma, sem amar-
guras, envolta não no xale negro, aquele que você descreve tão
bem, mas no xale cor de rosa que eu envio a ela com todo meu
carinho.
Algo me diz, Sônia, que a Das Dores é o oposto da Narcisa, mas
a solidão pode ser o destino das duas.
Abraços, de sua amiga de longa data.
Envio a você também, uma linda xícara de café que veio de Ro-
ma, herança da mãe de minha prima, esta dos Estados unidos. É
para a Antônia esta relíquia. Tenho duas, uma agora é dela, para
tomar cafézinho de manhã; sei que ela merece.
Fui agora pegá-la, Sônia para embalar. Ela é toda negra, com
uma linda e única rosa cor de rosa no centro; por dentro toda
branca. E a marca do Vaticano ao fundo, a que ficou aqui é dou-
rada, não duvide da fé, Sônia, nunca!
Abraços
Adria