__QUANDO A MORTE CHEGOU__
             Eu estava com tanto medo, tinha tantas dores e
             algumas eram tão íntimas que somente minha
             alma conhecia.
             Por muitas vezes fiquei a esperar anjos virem me
             buscar.
             Em outras me escondi debaixo das cobertas apavo-
             rada com a idéa que a morte fosse uma figura cada-
             verica.
             Muitas pessoas adentravam meu quarto com suas
             orações, outras com seus olhares piedosos.
             Elas não me ouviam, mesmo que em em meu silen-
             cio gritasse a elas que lá estava vendo a tudo e a to-
             dos.
             Não sei quantos dias fiquei naquele leito ligada aos
             aparelhos porque uma parte de mim estava liberta.
             Alguém me dizia para ir, mas ao ver meu corpo mu-
             tilado e ferido me apegava a ele na ilusão de salva
             -lo.
             Chorei a dor de ver que nada seria como antes e temi
             o desconhecido por ter que deixar a vida que fiz.
             E olhando atentamente a tudo que vivenciei soube
             que me lembraria por toda a minha existência cada
             dia vivido.
             Que não haveria mágoa ou dor, nem revolta, era
             saudade, ternura em deixar aqueles que amei.
             Naquele instantes fechei os olhos, sem olhar o corpo
             inerte na cama e segurei firmemente as mãos da-
             quele ser que estivera ao meu lado.
             Ao acordar estava num pequeno quarto claro e aco-
             lhedor.
             Não senti dor, nem pavor, senti paz.
             Compreendi que retornara a morada do pai como
             um filho depois de uma longa jornada.
             -camomillahassan-
              
            
CAMOMILLA HASSAN
Enviado por CAMOMILLA HASSAN em 18/10/2009
Código do texto: T1872717
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