__QUANDO A MORTE CHEGOU__
Eu estava com tanto medo, tinha tantas dores e
algumas eram tão íntimas que somente minha
alma conhecia.
Por muitas vezes fiquei a esperar anjos virem me
buscar.
Em outras me escondi debaixo das cobertas apavo-
rada com a idéa que a morte fosse uma figura cada-
verica.
Muitas pessoas adentravam meu quarto com suas
orações, outras com seus olhares piedosos.
Elas não me ouviam, mesmo que em em meu silen-
cio gritasse a elas que lá estava vendo a tudo e a to-
dos.
Não sei quantos dias fiquei naquele leito ligada aos
aparelhos porque uma parte de mim estava liberta.
Alguém me dizia para ir, mas ao ver meu corpo mu-
tilado e ferido me apegava a ele na ilusão de salva
-lo.
Chorei a dor de ver que nada seria como antes e temi
o desconhecido por ter que deixar a vida que fiz.
E olhando atentamente a tudo que vivenciei soube
que me lembraria por toda a minha existência cada
dia vivido.
Que não haveria mágoa ou dor, nem revolta, era
saudade, ternura em deixar aqueles que amei.
Naquele instantes fechei os olhos, sem olhar o corpo
inerte na cama e segurei firmemente as mãos da-
quele ser que estivera ao meu lado.
Ao acordar estava num pequeno quarto claro e aco-
lhedor.
Não senti dor, nem pavor, senti paz.
Compreendi que retornara a morada do pai como
um filho depois de uma longa jornada.
-camomillahassan-