O Mundo que Encontrei
Inicialmente uma luz ofuscava-me os olhos,
E tudo que me era emoção, virara retrato...
E como um filme, as imagens se movimentavam,
Às vezes em marcha crescente, às vezes em súbitos freios contundentes...
Depois de alguns minutos, via-me dentro desses slides,
E somente após a derradeira paisagem mental,
Encontrei-me num espesso túnel, que parecia não ter fim...
Gravitava eu sobre uma estreita estrada verde,
Onde soprava um vento frio, pálido e solitário...
O firmamento escurecia lentamente,
Enquanto pequenos pontos piscavam em sua extensão...
Repentinamente, a escuridão se completa,
E num silêncio desconhecido, o vento murmura...
Senti-me como se estivesse flutuando num espaço tridimencional,
Levantei a fronte, e numa sensação jamais sentida, voei para o alto...
Àquela imensidão, para mim, talvez fosse o próprio infinito,
Que cercava-me, desafiando todos os meus sentidos...
Num dado momento, percebi que saíra da grande escuridão,
E um maravilhoso céu azul me cumprimentava...
Aves belíssimas jamais imaginadas, ali planavam livres,
Passavam por mim, dispersando perfumes....
Olhei a minha volta, e tudo era divino,
Abaixo de mim, montanhas brancas desenhavam um planalto...
Um oceano surgia no horizonte, e sobre as suas águas,
Cores diversas cobriam sua extensão...
Além das aves, nenhum sinal de vida,
Além de mim, apenas o infinito...
Grandes rochedos abrigavam-se entre as curvas agraciadas pelo oceano,
Uma areia granulada espalhava-se com o evadir-se das ondas...
Um som indescritível parecia ecoar de toda aquela beleza,
E eu sentia-me maravilhado como uma criança que recreasse em plena luz de primavera...
Atravessei o vasto oceano, e acredito eu, tivera percorrido milhas em pouquíssimos minutos,
Pelo menos era o que me parecia...
Aportei então numa pequena ilha, distante de tudo...
Árvores enormes e de beleza incomum,
Flores que me enchiam os olhos,
Uma paz que para mim, até então não existia...
Caminhei sobre uma praia de pedras coloridas,
E sobre um largo tronco debruçado na areia,
Pude ler algo que dizia:
“ És o reflexo do mundo que próprio habitas,
As imagens que deslumbras hoje ou que deslumbrarás amanhã,
Virá de tudo aquilo que pensas infinitamente a cada segundo,
Ao imaginar e criar o mundo, que intimamente lhe pertence...”