De camarote
Não defina. Eu não defini.
As letras estão saltando até de paraquedas.
Querem se esparramar.
Quando elas fazem este rebuliço dentro de mim
meus olhos chovem. Provocam alagamento.
Cansaram de brindar ao amor.
Querem brindar ao desacato.
Dei a elas a liberdade pedida.
E completamente livres, criaram uma tempestade.
Assustou-se? Pois eu, não.
Há tempos precisava ver, por escrito, a doideira delas.
Sabia que elas odeiam você?
E se elas tivessem meios, trucidavam a sua visível arrogância?
Não está na hora de você franzir o cenho.
Está é passando da hora de saber como elas lhe enxergam.
Agora esta pergunta é minha:
- Se acha o gostosão? O dono da cocada preta?
Pois vou lhe dizer:
- Concordo com as letras. Elas são sábias, meu caro.
Você é tremendamente arrogante.
Entra em minha casa como se fosse o ó do bórógódó!
Ai desencana!
Enquanto você se faz de rei, eu me satisfaço com os súditos.
Que são mais belos mais inteligentes e, são humanos.
E, muito mais gostosos!
- Quer saber se eu provei? Claro que sim. Não estou morta.
Mas vou deixar que as letras lhe queimem...
E vou estar aqui, admirando o fogaréu e colocando lenha.
Meus olhos deixaram de chover.
E aliviados, brilham faíscas!
Dêem-lhe letras!