Meu doce amor

Dói não poder dizer que te amo.

Por que não posso? Que perigo real você encontrou em mim?

Por que posso dizer que te desejo, que te quero e não posso dizer que te amo?

Se isto não é amor, o que é o amor então? Passar fome?Aquela coisa de comer um saco de sal junto? Mas passei fome! Do seu amor, e que fome! Sal? E desde quando minhas lágrimas foram doces? São salgadas como as lágrimas mais comuns.

Por que você é de uma beleza estonteante? Mas você não é uma beleza!

Eu também não me entendo... Você é desprovido de qualquer padrão de beleza, tem um mau humor insuportável, é intolerante, faz piadas sem graça, pobre de dinheiro e de espírito, covarde... Na verdade eu não encontro um só adjetivo bom em você e, no entanto eu amo esta coisa que você é e não posso dizer!

E você sabe o que eu daria para acariciar esse enorme você, enorme no tamanho mesmo, na dimensão do seu corpo obeso?

Você ao menos tem idéia do quanto queria acordar e olhar ao meu lado e ver sua cara irritante?

O quanto sonho em ter aquelas famosas brigas por causa do programa escroto que você insiste em assistir?

Eu sei que isto parece mais masoquismo que amor... Não é não...

Eu conheço seus amores, sei das suas lutas, vi suas perdas e assisti calada quando você se reerguia. Sempre estive presente, assim, como quem nem existe... Solucei suas lágrimas, doí suas perdas, torci pelas suas batalhas, comemorei suas vitórias.

É meu amor, sempre estive ao seu lado, mesmo a milhas de distância física... Só não posso dizer que te amo, só...