Carta de uma Prostituta

Muita gente quando me vê perambulando pela rua ou fazendo ponto numa praça me olha com desprezo, mas poucas foram as pessoas que pararam para saber exatamente quais foram os reais motivos que me levaram a essa vida desregrada.

Desde cedo fui submetida à violência dentro de casa, até que um dia resolvi fugir para me livrar dos abusos constantes. Mas, eu nem imaginava que vivendo na rua acabaria sofrendo ainda mais.

Logo que fugi de casa, sai numa peregrinação sem rumo pelas ruas e praças da cidade, pedindo ajuda à desconhecidos. Assim, querendo ficar livre de casa e de minha família, tive que depender da ajuda de terceiros e, invariavelmente, acabava fazendo coisas ruins, sempre me submetendo a qualquer tipo de pagamento.

Dessa maneira, iniciei precocemente e sem nenhuma orientação minha vida sexual e, posteriormente, tornei-me uma “profissional do sexo” para poder sobreviver.

Todas as pessoas que apareciam supostamente para me ajudar tinham na verdade uma única intenção que era a de me aliciar para a prática da prostituição. Nisso, fui sendo usada por inúmeras cafetinas e cafetões que controlavam meu dia-a-dia, fazendo-me “vender o corpo” para receber como pagamento alguns míseros trocados e muitas drogas.

Hoje, tenho 17 anos de idade e, após 6 anos nesse ramo, tornei-me viciada em drogas, já tive inúmeros abortos e contraí muitas doenças diferentes.

Lembro que saí de casa para fugir dos abusos de meus pais e jamais pude imaginar que minha vida seria tão sofrida e trágica assim.

Sonho um dia poder mudar de vida e espero contar com ajuda de alguém bondoso que olhe para mim não como se eu fosse um simples objeto descartável, mas como um ser humano que precisa de auxílio.

São Paulo - SP, 07 de outubro de 2009.

Carminha da Praça da Sé

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Iperó - SP, Outubro de 2009.

Giovanni Salera Júnior é Mestre em Ciências do Ambiente e Especialista em Direito Ambiental.

E-mail: salerajunior@yahoo.com.br