Reflexões sociais: manifestação ao leitor
Caro leitor:
O que é a realidade descrita da realidade vivida? A primeira se torna imaginária, mas sem noções de existência, a segunda se torna sentida e percebida por todos os sentidos humanos, chegando a ser indescritível. Julga-se esta afirmativa pela população denominada carente, sobreviventes das áreas de risco. O que os jornais mostram todos os dias nos faz ter uma noção imaginária da situação, mas não a noção real de cada fato. O medo, o constrangimento, a indignidade, o sofrimento são sentimentos que apenas os que vivenciam podem conhecer.
Dizem que a Educação e a Cultura são os referenciais para que ocorram mudanças sociais, políticas e econômicas, porém são verdades lentas, processuais, de maneira que quem convive com a realidade das áreas carentes, jamais terá oportunidade de ver estas mudanças acontecerem e jamais saberão se seus filhos chegaram lá. Quem mora nestes lugares não tem tempo de pensar e acreditar em mudanças, porque vivem do imediatismo que o sistema capitalista impõe.
Estas pessoas não conseguem pensar no amanhã porque vivem a expectativa do hoje, do agora. Terei comida para dar ao meu filho hoje? O tráfego irá acabar com a vida do meu filho ou o deixará viver mais um dia? São questões de quem convive com esta realidade, de quem vê poucas possibilidades, de quem está distante do cenário político e econômico do país, porque não tem nem condições cognitivas de entender e lutar pelos seus direitos. Não porque perderam a capacidade de aprender e entender, mas porque o sistema lhes tirou a compreensão de serem críticos e obterem o que lhes é de direito.
Utopias à parte, até quem acredita nas mudanças ou trabalha por elas, tem seus momentos de descrença, de desmotivação, de retarguarda. Tudo que é inserido e absorvido na universidade se transforma em choque quando se presencia uma realidade incondizente com as teorias vindas principalmente do exterior, de países que não enfrentam, muitas vezes problemas parecidos com os nossos. O que fazer? O que dizer? Agir e falar são duas ações que demandam harmonia, caso contrário, se cai no dilema da incoerência, da mentira, da falta de caráter...
Enfim, ser uma pessoa esperançosa e benevolente, ser um cidadão ativo e transformador, ser um profissional sonhador e expectador de melhorias ou não ser, apenas existir e deixar que uma vida inteira seja vivida de frustações sociais? Eis a escolha que se deve fazer, caro leitor...