Para que desejes estar comigo
Paz. É assim que defino aquela sensação que tomou conta de nós depois que perdemos a hora, a noção do tempo, a razão e a consciência de que havia um mundo além daquele que criamos.
Lá estávamos nós, entregues no reencontro, com uma sede sem fim da presença do outro. Com saudade do toque, do cheiro, da pele, do beijo e do abraço. Com vontade de possuir o que não nos cabe, de confessar aquilo que grita dentro de nós e que ocultamos por receio de não ser o momento exato.
Perdi o chão com a delicadeza que tuas mãos me procuraram, perdi o ar quando elas deslizaram sobre mim, perdi o medo de resistir a tentação porque descobri que as coisas que são ruins para mim não me tentam.
Naqueles breves, mas intensos momentos em que tive sua boca na minha, descobri que eu poderia permanecer ali muito mais tempo do que eu imaginava. Descobri que esquecer as preocupações, os problemas, as convenções faz um bem danado. Descobri que são as loucuras que cometemos na vida que nos farão rir quando estivermos mais velhos.
As coisas acontecem exatamente quando devem acontecer, a gente só não consegue controlar a força das emoções que sentimos, que nos impulsionam a remar contra a maré da consciência, a lutar, mesmo parecendo errado, por alguém que faz nosso sorriso florescer espontaneamente.
Gosto de te ver buscando o controle da situação, lutando pelo equilíbrio das tuas emoções, medindo as palavras, os gestos e os sussurros. Gosto quando esqueces tudo isso e se entregas com vontade, sem se importar com as conseqüências.
São as lembranças desses instantes que atormentam minha alma e devoram meu coração. É por isso que te provoco, te faço lembrar de mim, perturbo teu sono, impeço o teu descanso, para que não me esqueças, para que desejes também estar comigo.