Carta a um drogado

CARTA A UM DROGADO...

Tenho verdadeira paixão por pássaros, suas cores me fascinam ao ponto de ficar tempos observando-os, analisando seus comportamentos, atitudes, velocidade, romantismo.

Quem está mal no amor deve ir visitar um parque para observar as pombinhas, como elas tem a libido aguçada, como são estimulantes observá-las!

Mas de todos os pássaros, o beija flor é incrível. Pela suas cores brilhantes: verde, azul, vermelho, preto... Flutuam no espaço com uma leveza e ligeireza que faz o mais veloz dos corredores humanos ficarem com desejo de tamanha rapidez. Também sabem parar no ar como nenhum outro, sugando a flor. Vivem do mel das flores, enfiam seu bico fálido no orifício vaginal das flores, suas pequenas línguas saem e sugam o néctar doce.

Foi assim a primeira vez: como o beijo manso e inofensivo de um beija-flor. Você sentiu sua língua doce entrando no seu corpo. De repente tudo ficou colorido, brilhante, leve e alegre como se você estivesse sendo tocado pelos deuses. Que bom se a vida fosse sempre assim!

Quando você não esperava, estava apaixonado pelo beija-flor, mas ele se foi e você viu sua vida voltar ao tédio do dia a dia, a vida sempre ficava mais bela com o beijo do beija-flor. O beija-flor voltou e novamente você pediu que ele enfiasse seu bico fino e trouxesse aquela sensação, extasiante, como das vezes anteriores.

O beija-flor passou a ser o seu pássaro encantado, e dia após dia esperava pelo seu retorno. Cada vez que ele voltava era uma nova experiência de prazeres, de viagens, de êxtase sem se aperceber que a cada vez sua língua estava maior e cada dia ele a colocava mais fundo. Em pouco tempo seu corpo, sua alma estava tomada de seus prazeres. O que não deu conta foi que esse pássaro encantado havia enfeitiçado o menino bobão, acreditou no beijo mágico, agora estava acorrentado, e o beija-flor deixou de ter as penas encantadas, bico doce, transformou-se em ave de rapina que ao invés dos encantos, vinha sempre com algo mais para lhe ceifar a vida. A dor é da rejeição, dor da alma, dor dos preconceitos, do descaso, de se sentir um lixo, de saber que antes era honrado na casa dos pais, agora é vigiado por todos que passam de largos passos, está sem os anéis no dedo, sem as roupas de príncipe, sem os sapatos da justiça... Suas roupas são rotas, cheira mal, tudo por um beijo do beija-flor, é foi assim que tudo começou...

O caminho que você está tem três fins possíveis: O primeiro e menos dolorido é a morte. Quantas pessoas talentosas, lindas, nobres, honradas, o beijo desse beija-flor levou... O segundo é a loucura, chegará uma hora que a sua mente não mais suportará tamanha dor, levando-o a loucura, às vezes desejamos ficar doente para sermos socorridos, sermos atendidos, ouvidos, amado. Sendo assim, a ave de rapina está á espreita todos os dias para comer mais um pedaço do seu fígado. O último é o pior, pelo beija-flor, agora ave de rapina você é capaz de fazer qualquer coisa, até o dia que realiza seu primeiro crime, tira a vida de pessoas lindas e saudáveis, pessoas que não foram contaminadas pelo beijo do beija-flor como você o foi...

Uso aqui leitor esses elementos, crendo na possibilidade que você esteja com o desejo de quebrar as correntes que o aprisiona, se não for assim não precisa terminar de ler esse artigo. Sabe, na ciência falamos da síndrome da abstinência, ela é a dor da ausência do beija-flor, da ave de rapina. que todos os dias agora o visita, no começo era de vez em quando, agora são todos os dias. Existem caminhos que você pode achar e se livrar do beija-flor ave de rapina, o primeiro é pedir ajuda, Limpe sua casa, expulse, como Jesus disse aos demônios da casa, mas não deixe-a vazia novamente, pois eles voltarão mais forte. Por isso não permita que o seu inimigo agora seja o sentimento do vazio, preencha sua vida e não deixe que o vazio domine sua vida, Nunca batalhe sozinho, a vida é parceria, a vida é família e você que não tem família adote uma, não viva sozinho.

A vida apesar das muitas frustrações, de desertos, ainda merece ser vivida.

Dr. J.F.Alvarez 18/09/2009

jafjaf
Enviado por jafjaf em 23/09/2009
Reeditado em 23/09/2009
Código do texto: T1826996