EXEGESE DA CARTA DE GILBERTO GERALDO GARBI
Vamos fazer uma exegese do artigo da carta de Gilberto Geraldo Garbi para Lula. Vou selecionar excertos do texto do autor (em itálico e aspas) e as partes sem itálico e sem aspas são a minha análise sobre o que ele escreveu.
“Gilberto Geraldo Garbi foi um dos alunos classificados a seu tempo como UM DOS MELHORES ALUNOS DE MATEMÁTICA que já haviam adentrado o ITA, entre outras honrarias que recebeu daquela instituição. Depois de graduado, desenvolveu carreira na TELEPAR, onde chegou a Diretor Técnico e Diretor Presidente, sendo depois Presidente da TELEBRAS”.
Minha intenção é mostrar as falácias contidas no artigo, que são muitas.
O chamamento para o texto já começa tentando impor um argumento de autoridade, ou seja, ao referir-se ao autor como UM DOS MELHORES ALUNOS DE MATEMÁTICA, oriundo do ITA, que sabemos ser uma instituição de ensino de primeira qualidade, fala de honrarias que ele recebeu e de cargos de relevância que ocupou. Tudo isso querendo demonstrar que não é “qualquer um” que está falando. Contudo, com todo esse impressionante currículo, a “autoridade” do autor é totalmente inválida. Pode ser que ele possua competência nas áreas de matemática e engenharia, mas isso de forma alguma o qualifica como autoridade para discorrer sobre os acertos e erros do presidente da república. Não estamos falando de um cientista político, de um sociólogo ou de um filósofo, que são especialistas na área e o que daria mais peso ao argumento de autoridade, trata-se de um engenheiro descontente com os rumos da nação e com o chefe do executivo federal que faz juízos de valor sobre a atuação de Lula e não uma análise de fatos.
“Lembro-me de que quando Lula chegou aos 70% achei que ele jamais bateria Hitler, a quem, em seu auge, a cultíssima Alemanha chegara a conceder 82% de aprovação.
Mas eu estava enganado: nosso operário-presidente já deixou para trás o psicopata de bigodinho e hoje só deve estar perdendo para Fidel Castro e para aquele tiranete caricato da Coréia do Norte, cujo nome jamais me interessei em guardar. Mas Lula tem uma vantagem sobre os dois ditadores: aqui as pesquisas refletem verdadeiramente o que o povo pensa, enquanto em Cuba e na Coeria(sic) do Norte as pesquisas de opinião lembram o que se dizia dos plebiscitos portugueses durante a ditadura lusitana: SIM, Salazar fica; NÃO, Salazar não sai; brancos e nulos sendo contados a favor do governo...(Quem nunca ouviu falar em Salazar, por favor, pergunte a um parente com mais de 60)”.
Neste segundo excerto o autor faz analogia velada com quatro notórios ditadores. Hitler que chega a ser um sinônimo do mal, o barbudo comunista Fidel Castro e o “tiranete” da Coreia do Norte, Kim Jong-il, (tive o trabalho de pesquisar) e o ditador português Salazar, não tenho mais de 60, mas sei que Antonio de Oliveira Salazar foi quem comandou Portugal de 1933 a 1968, seguido por Marcello Caetano que estendeu a política Salazarista até 1974. O autor tenta relacionar a popularidade dos ditadores à de Lula deixando que o leitor faça a inferência de uma “ditadura Lulista”. Outra inferência que o autor insere em seu texto é a comparação com a “cultíssima Alemanha” numa clara alusão à falta de cultura do povo brasileiro. Por pior que seja o governo Lula, não é nada razoável compará-lo aos governos citados.
“Portanto, a popularidade de Lula ainda "tem espaço" para crescer, para empregar essa expressão surrada e pedante, mas adorada pelos economistas. E faltam apenas cerca de 16% para que Lula possa, com suas habituais presunção e imodéstia, anunciar ao mundo que obteve a unanimidade dos brasileiros em torno de seu nome, superando até Jesus Cristo ou outras celebridades menores que jamais conseguiram livrar-se de alguma oposição”...
O autor refere-se à presunção e imodéstia, mas logo no excerto acima zombou daqueles que desconhecem quem foi Salazar, faz uma comparação oportunista com Jesus Cristo e quer nos fazer crer que Lula não possui oposição; em tempo, a oposição é até bastante expressiva, contudo não tem competência para desbancar o “operário-presidente”.
“Como você não é muito chegado em Aritmética, exceto nos cálculos rudimentares dos percentuais sobre os orçamentos dos ministérios que você entrega aos partidos que constituem sua base de sustentação no Congresso, explico melhor: o Brasil tem 200.000.000 de habitantes, um dos quais sou eu. Represento, portanto, 1 em 200.000.000, ou seja, 0,0000005% enquanto os demais brasileiros totalizam os restantes 99,9999995%. Esses, talvez, você possa conquistar, em todo ou em parte. Mas meus humildes 0,0000005% você jamais terá porque não há força neste ou em outros mundos, nem todo o dinheiro com que você tem comprado votos e apoios nos aterros sanitários da política brasileira, não há, repito, força capaz de mudar minha convicção de que você foi o pior dentre todos os presidentes que tive a infelicidade de ver comandando o Brasil em meus 65 anos de vida”.
Agora o autor apela para a calúnia, que na sua acepção jurídica é crime previsto no Código Penal:
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Pergunta: O autor tem como provar que o presidente comprou votos? Comprar votos não é prática criminosa? Vejo aqui claramente um crime de calúnia.
“E minha convicção fundamenta-se em um fato simples: desde minha adolescência, quando comecei a me dar conta das desgraças brasileiras e a identificar suas causas, convenci-me de que na raiz de tudo está a mentalidade dominante no Brasil, essa mentalidade dos que valorizam a esperteza e o sucesso a qualquer custo; dos que detestam o trabalho e o estudo; dos que buscam o acesso ao patrimônio público para proveito pessoal; dos que almejam os cabides de emprego, as sinecuras e os cargos fantasmas; dos que criam infindáveis dinastias nepotistas nos órgãos públicos; dos que desprezam a justiça desde que a injustiça lhes seja vantajosa; dos que só reclamam dos privilégios por não estar incluídos entre os privilegiados; dos que enriquecem através dos negócios sujos com o Estado; dos que vendem seus votos por uma camiseta, um sanduíche ou, como agora, uma bolsa família; dos que são de tal forma ignorantes e alienados que se deixam iludir pelas prostitutas da política e beijam-lhes as mãos por receber de volta algumas migalhas do muito que lhes vem sendo roubado desde as origens dos tempos; dos que são incapazes de discernir, comover-se e indignar-se diante de infâmias”.
Nesta parte, concordo com quase tudo o que autor escreveu; todavia discordo dele quando refere-se ao Bolsa Família. É claro que um engenheiro formado pelo ITA irá desdenhar da migalha que o governo dá aos descamisados. Certamente nunca faltou o que comer na mesa do doutor, e este provavelmente nunca passou por nenhum tipo de privação. Contudo, entendo o seu drama. É que a banda privilegiada deste país não consegue conceber que estão pagando impostos para que a política de distribuição de renda seja efetivada. Ninguém quer dar o seu quinhão assim de maneira fácil.
“Antes e depois de mim, muitos outros brasileiros, incomparavelmente melhores e mais lúcidos, chegaram à mesma conclusão e, embora sejamos minoria, sinto-me feliz e honrado por estar ao lado de Rui Barbosa. Já ouviu falar nele? Como você nunca lê, eu quase iria sugerir-lhe que pedisse a algum de seus incontáveis assessores que lhe falasse alguma coisa sobre a Oração aos Moços... Mas, esqueça... Se você souber o que ele, em 1922, disse de políticos como você e dos que fazem parte de sua base de sustentação, terá azia até o final da vida”.
O autor faz referência à ignorância do presidente em mais um juízo de valor. Duvido que Lula não saiba quem foi Rui Barbosa.
“Pense a maioria o que quiser, diga a maioria o que disser, não mudarei minha convicção de que este País só deixará de ser o que é - uma terra onde as riquezas produzidas pelo suor da parte honesta e trabalhadora é saqueada pelos parasitas do Estado e pelos ladrões privados eternamente impunes - quando a mentalidade da população e de seus representantes for profundamente mudada. Mudada pela educação, pela perseverança, pela punição aos maus, pela recompensa aos bons,pelo exemplo dos governantes. E você Lula, teve uma oportunidade única de dar início à mudança dessa mentalidade, embalado que estava com uma vitória popular que poderia fazer com que o Congresso se curvasse diante de sua autoridade moral, se você a tivesse.
Você teve a oportunidade de tornar-se nossa tão esperada âncora moral, esta sim, nunca antes vista nesse País. Mas não, você preferiu o caminho mais fácil e batido das práticas populistas e coronelistas de sempre, da compra de tudo e de todos.
Infelizmente para o Brasil, mas felizmente para os objetivos pessoais seus e de seu grupo, você estava certo: para que se esforçar, escorado apenas em princípios de decência, se muito mais rápido e eficiente é comprar o que for necessário, nessa terra onde quase tudo está à venda?”
Mais uma vez o autor, sem provas, calunia o presidente. Contraria assim sua nobre pretensão de falsa moral que quer passar com seu tedencioso artigo. Eu pergunto ao autor o que é moral? O que é decência?
“Eu não o considero inteligente, no nobre sentido da palavra, porque uma pessoa verdadeiramente inteligente, depois de chegar aonde você chegou, partindo de onde você partiu, não chafurdaria nesse lamaçal em que você e sua malta alegremente surfam, nem se entregaria a seu permanente êxtase de vaidade e autoidolatria. Mas reconheço em você uma esperteza excepcional: nunca antes nesse País um presidente explorou tão bem, em proveito próprio e de seu bando, as piores qualidades da massa brasileira e de seus representantes. Esse é seu legado maior, e de longa duração: o de haver escancarado a lúgubre realidade de que o Brasil continua o mesmo que Darwin encontrou quando passou por essas plagas em 1832 e anotou em seu diário:"Aqui todos são subornáveis". Você destruiu as ilusões de quem achava que havíamos evoluído em nossa mentalidade e matou as esperanças dos que ainda acreditavam poder ver um Brasil decente antes de morrer”.
“Piores qualidades da massa brasileira”, “Aqui todos são subornáveis”. Será que o autor também se inclui no rol dos subornáveis? Ele não é brasileiro? O que o faz pensar que está fora da massa? E tem coragem de chamar Lula de vaidoso, que este idolatra a si mesmo? Quem está zombando dos brasileiros é o autor, pois exclui a si da “massa” e dos “subornáveis” e inclui todos os brasileiros.
“Você não inventou a corrupção brasileira, mas fez dela um maquiavélico instrumento de poder, tornando-a generalizada e fazendo-a permear até os últimos níveis da Administração. O Brasil, sob você, vive um quadro que em medicina se chamaria de septicemia corruptiva.
Peça ao Marco Aurélio para lhe explicar o que é isso. Você é o sonho de consumo da banda podre desse País, o exemplo que os funcionários corruptos do Brasil sempre esperaram para poder dar, sem temores, plena vazão a seus instintos”.
Agora o presidente é culpado por toda a corrupção no Brasil! Que apelação ridícula!
“Você faz da mentira e da demagogia seu principal veículo de comunicação com a massa.
A propósito, o que é que você sente, todos os dias, ao olhar-se no espelho e lembrar-se do que diz nos palanques? Você sente orgulho em subestimar a inteligência da maioria e ver que vale a pena?”
Quem quer subestimar a inteligência da maioria com esse artigo tosco é o autor. Ele deve pensar que é o dono da verdade.
“Você mentiu quando disse haver recebido como herança maldita a política econômica de seu antecessor, a mesma política que você manteve integralmente e que fez a economia brasileira prosperar. Você mentiu ao dizer que não sabia do Mensalão
Mentiu quando disse que seu filho enriqueceu através do trabalho
Mentiu sobre os milhões que a Ong 13, de sua filha, recebeu sem prestar contas
Mentiu ao afastar Dirceu, Palocci, Gushiken e outros cumpanheros pegos em flagrante
Mente quando, para cada platéia, fala coisas diferentes, escolhidas sob medida para agradá-las
Mentiu, mente e mentirá em qualquer situação que lhe convenha”.
Falar que alguém mentiu é muito fácil. É só conseguir algum meio de comunicação que se oponha a esse alguém e começar a metralhar: mentiu, mentiu, mentiu... Uma pequena pergunta ao autor do texto: Você têm provas de todas essas afirmações que faz?
“Por falar em Ongs, você comprou a esquerda festiva, aquela que odeia o trabalho e vive do trabalho de outros, dando-lhe bilhões de reais através de Ongs que nada fazem, a não ser refestelar-se em dinheiro público, viajar, acampar, discursar contra os exploradores do povo e desperdiçar os recursos que tanta falta fazem aos hospitais”.
Idem parágrafo anterior.
“Você não moveu uma palha, em seis anos de presidência, para modificar as leis odiosas que protegem criminosos de todos os tipos neste País sedento de Justiça e encharcado pelas lágrimas dos familiares de tantas vítimas. Jamais sua base no Congresso preocupou-se em fechar ao menos as mais gritantes brechas legais pelas quais os criminosos endinheirados conseguem sempre permanecer impunes, rindo-se de todos nós. Ao contrário, o Supremo, onde você tem grande influência, por haver indicado um bom número de Ministros, acaba de julgar que mesmo os condenados em segunda instância podem permanecer em liberdade, até que todas as apelações, recursos e embargos sejam julgados, o que, no Brasil, leva décadas”.
Leis odiosas? Que leis odiosas são estas? Bem disse no começo que a autoridade do autor é questionável. Para informação do autor, que se acha muito inteligente, a competência para legislar sobre direito penal é privativa do Congresso Nacional, ou seja, do Legislativo federal. Não há possibilidade do chefe do executivo criar, modificar ou revogar leis na seara criminal. Conforme Art. 22, I da Constituição Federal de 05 de outubro de 1988. Talvez fosse interessante ler a Carta Magna antes de sair falando tolices.
“Isso significa, em poucas palavras, que os criminosos com dinheiro suficiente para pagar os famosos e caros criminalistas brasileiros podem dormir sossegados, porque jamais irão para a cadeia.
Estivesse o Supremo julgando algo que interessasse a seu grupo ou a suas inclinações ideológicas, certamente você teria se empenhado de corpo e alma”.
Chuva de achismos!
“Aliás, Lula, você nunca teve ideais, apenas ambições. Você jamais foi inspirado por qualquer anseio de Justiça. Todas as suas ações, ao longo da vida, foram motivadas por rancores, invejas, sede pessoal de poder e irrefreável necessidade de ser adorado e ter seu ego adulado”.
Somente alguém com muita raiva ou inveja faria tantos ataques pessoais sem provas; veja o leitor; o que está sendo questionado pelo autor é a pessoa e não o cargo que ela ocupa. No mínimo é uma covardia.
“Seu desprezo por aquilo que as pessoas honradas consideram Justiça manifesta-se o tempo todo: quando você celeremente despachou para Cuba alguns pobres desertores que aqui buscavam a liberdade; quando você deu asilo a assassinos terroristas da esquerda radical; quando você se aliou à escória do Congresso, aquela mesma contra quem você vociferava no passado; quando concedeu aumentos nababescos a categorias de funcionários públicos já regiamente pagos, às custas (sic) dos impostos arrancados do couro de quem trabalha arduamente e ganha pouco; quando você aumentou abusivamente as despesas de custeio, sabendo que pouquíssimo da arrecadação sobraria para os investimentos de que tanto carece a população; quando você despreza o mérito e privilegia o compadrio e o populismo; e vai por aí... Justiça, ora a Justiça ,é o que você pensa...”
Gostaria, sinceramente, de saber o que as pessoas honradas consideram Justiça. Também ficaria feliz se conhecesse quem são essas pessoas honradas, já que em parágrafos anteriores o autor chamou os brasileiros de “todos subornáveis”. Também seria oportuno que o autor explicasse o que vem a ser justiça já que até hoje, que eu saiba, ninguém conseguiu definir de forma satisfatória o que vem a ser justiça.
“Você tem dividido a nação, jogando regiões contra regiões, classes contra classes e raças contra raças, para tirar proveito das desavenças que fomenta.
Aliás, se você estivesse realmente interessado, como deveria, em dar aos pobres, negros e outros excluídos as mesmas oportunidades que têm os filhos dos ricos, teria se empenhado a fundo na melhoria da saúde e do ensino públicos.
Mas você, no íntimo, despreza o ensino, a educação e a cultura, porque conseguiu tudo o que queria, mesmo sendo inculto e vulgar. Além disso, melhorar a educação toma um tempo enorme e dá muito trabalho, não é mesmo?
E se há coisa que você e o Partido dos Trabalhadores definitivamente detestam é o trabalho: então, muito mais fácil é o atalho das cotas, mesmo que elas criem hostilidades entres as cores, que seus critérios sejam burlados o tempo todo e que filhos de negros milionários possam valer-se delas”.
Mais crime. “inculto e vulgar” para mim é crime contra honra. No caso, como o ataque é à pessoa do presidente e não ao cargo que ele ocupa, o crime é de injúria.
Toda pessoa de classe média e alta é contra a implementação de políticas públicas de compensação (cotas). Em tempo, o DEM (Democratas) antigo PFL e ARENA, partido que era favorável ao regime militar, ajuizou Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental no STF pleiteando que os alunos beneficiados por cotas não fossem matriculados na UNB. (Universidade de Brasília). No entanto, o Procurador Geral da República já emitiu parecer desconsiderando o pedido do DEM e com parecer favorável às cotas. Os interesses dos pretensos “Democratas” não são os da maioria, mas de não repartir as vagas que os filhos dos ricos sempre ocuparam nas melhores universidades.
“A Imprensa faz-lhe pouca oposição porque você a calou, manipulando as verbas publicitárias, pressionando-a economicamente e perseguindo jornalistas. O que houve entre o BNDES e as redes de televisão? O que você mandou fazer a Arnaldo Jabor, a Boris Casoy, a Salete Lemos?
Essa técnica de comprar ou perseguir é muito eficaz. Pablo Escobar usou-a com muito sucesso na Colômbia, quando dava a seus eventuais opositores as opções: "O plata, o plomo". Peça ao Marco Aurélio para traduzir. Ele fala bem o Espanhol”.
Em que mundo o autor está? A imprensa faz pouca oposição a Lula? Já vi a revista Veja publicar até foto do Lula com marca de solado de sapato no traseiro! E em 2005 quando estourou o escândalo do mensalão? Não fosse a alta popularidade do presidente certamente seria o segundo chefe de executivo a ser deposto depois de Collor. Até a esquerda faz oposição a Lula, houve rachas no PT, criação de novos partidos, como o PSOL, a mídia não parou de atacá-lo desde 2003 e o autor fala de pouca oposição? O autor deve estar lendo apenas os quadrinhos da Turma da Mônica.
“Você pode desdenhar tudo aquilo que aqui foi dito, como desdenha a todos que não o bajulem.
Afinal, se você não é o maior estadista do planeta, se seu governo não é maravilhoso, como explicar tamanha popularidade? É fácil: políticos, sindicatos, imprensa, ONGs, movimentos sociais, funcionários públicos, miseráveis, você comprou com dinheiro, bolsas, cotas, cargos e medidas demagógicas. Muita gente que trabalha, mas desconhece o que se passa nas entranhas de seu governo, satisfez-se com o pouco mais de dinheiro que passou a ganhar, em consequência do modesto crescimento econômico que foi plantado anteriormente, mas que caiu em seu colo”.
O autor certamente se lamenta por ter que pagar impostos, por ver que já não é mais tão rico com sempre foi e que uma massa amorfa de descamisados estão entrando no mundo do consumo. Essa gente pobre se satisfaz com pouco mesmo, suas pretensões são singelas, ao contrário das do autor que parece ter perdido milhões, tamanha é o rancor que guarda em seu coração. O autor desdenha que milhares saíram da miséria nesse governo. Mas isso não é algo importante, pelo menos para ele que deve ter sempre tido tudo na vida. Não é qualquer um que entra no ITA e tem uma carreira recheada de méritos como tem o sr Geraldo Garbi.
“Tudo, então, pode se resumir ao dinheiro e grande parte da população parece estar disposta a ignorar os princípios da honradez e da honestidade e a relevar as mentiras, a corrupção, os desperdícios, os abusos e as injustiças que marcam seu governo em troca do prato de lentilhas da melhoria econômica. É esse, em síntese, o triste retrato do Brasil de hoje... E, como se diz na França, l´argent n´est tout que dans les siècles où les hommes ne sont rien”.
“Você não entendeu, não é mesmo? Então pergunte à Marta. Ela adora Paris e há um bom tempo estamos sustentando seu gigolô franco-argentino...”
O autor termina o texto no melhor da arrogância burguesa, citando uma frase em francês e fofocando sobre a vida alheia. Não poderia ter baixado o nível de forma mais decadente.
Por fim, não sou petista nem lulista, todavia não vou bater palmas para qualquer um que saiba ofender outrem sem reais fundamentos. Não sou defensor do governo e nem quero ser, apenas gosto de apontar as incongruências e contradições dos pretensos formadores de opinião.
Eu quando quero um conselho, uma opinião, procuro nos clássicos, naqueles que fazem considerações atemporais sobre a vida, a política, a filosofia, a religião etc. Não dou ouvidos a qualquer tentativa de impacto divulgada à exaustão pela Internet, principalmente de alguém que tem em seu repertório mais ofensas pessoais e juízos de valor do que argumentos bem fundamentados e baseados em fatos.
Em suma, uma carta tosca, de mal gosto, altamente tendenciosa e vulgarmente escrita. Empolga somente a decadente classe média que sempre foi pobre de espírito e que hoje também está ficando cada dia menos abastada.