Você Não está Sozinho

A vida nos apresenta caminhos que jamais pensamos em trilhar e direções que não escolhemos seguir. Os desafios nos levam para longe de nossas raízes e os ventos nos conduzem por lugares desconhecidos.

Os sonhos são como um guia que nos impulsiona para frente porque o que fica para trás dificilmente pode ser recuperado. Abandonamos muitas coisas ao longo da caminhada e para confortarmos a nossa dor dizemos que a espera, que a distância e que a saudade são temporárias, mas o regresso é como um tempo que nunca chega.

Quantas vezes não dissemos volto já, e nunca mais retornamos? Quantos até logo sussurramos e o reencontro nunca aconteceu? Quantas vezes deixamos que o silêncio fosse resposta quando na verdade ela gritava dentro do peito?

Todos nós já partimos de algum lugar e deixamos alguém esperando por nós. Seja a mãe, o pai, um amigo ou o amor. A saudade que nos acompanha mantém a chama da lembrança queimando, mas a distância geralmente nos adapta a ausência daqueles que ficaram. Se vamos voltar um dia, só o amanhã poderá responder.

Todos já choramos escondido por medo, por remorso, por saudade. Lágrimas revelam aquilo que há de mais profundo em nós, ensinam que existe alívio quando não podemos fazer mais nada. Chorar é um ato de coragem, é algo intenso que emerge do fundo da alma quando o corpo já não suporta a alegria, o sofrimento, a raiva ou a angustia.

Todos nós já perdemos alguém especial. Todos, sem exceção. E o vazio tomou conta de nós, de nossas vidas, de nosso ser. Existem pessoas que nos conhecem pelo avesso, que nos entendem com um olhar, que sabem quando nosso riso não é verdadeiro. Anjos assim são raros e dificilmente são reconhecidos antes que partam.

Todos nós já nos escondemos atrás de uma máscara. Seja para fingir felicidade, força, coragem ou sabedoria. Já não nos reconhecemos no outro, não aceitamos as limitações que possuímos, não olhamos nos olhos de mais ninguém porque o outro pode perceber que não somos quem dizemos ser.

Todos nós já fingimos prazer em algum momento. Pela companhia, pelo encontro, pela situação. Embora as convenções nos obriguem a demonstrá-lo, haverá sempre algo em nós que fugirá para longe. O verdadeiro prazer só é possível quando o corpo, a alma e o coração falam a mesma língua, sensação rara que diariamente é ferida pela superficialidade e pelo individualismo.

Todos nós já nos sentimos sozinhos. E geralmente isso acontecesse na hora em que mais precisamos de um colo, de uma palavra, de um abraço, de uma mão estendida. Não pedimos nada e por isso não recebemos nada em troca. Não temos coragem de reconhecer que precisamos do outro, que somos frágeis de vez em quando e que a vida sem sofrimento seria insuportável.

Nós não estamos sozinhos, mas ainda não aprendemos a compartilhar nossas diferenças. Preferimos nos isolarmos como se fossemos gigantes a admitirmos o quanto somos pequenos e cheio de defeitos. Tentar entender o porquê de tudo isso é como buscar respostas onde não há palavras afinal de contas, o peso de uma dor só sabe quem sente.

Denisia de Oliveira
Enviado por Denisia de Oliveira em 16/09/2009
Reeditado em 16/09/2009
Código do texto: T1813117
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.