Imagem: Fermando Pessoa
Música: Preludio - Shubert
Poeta, o artista do amor e da fé
Caríssima leitora! Estou respondendo, embora com atraso, o seu amável E-mail. Você me perguntou o que é um poeta. Não sei se os meus amigos poetas concordarão comigo. Aliás, concordando ou não, essa é a minha modesta opinião que passo a compartilhar contigo.
O poeta manipula as palavras de forma estética, em suas mãos as palavras ganham cores, sons, perfumes e movimentos. As palavras trabalhadas pelo poeta não são meros símbolos de comunicação, elas ganham vida, beleza e emoção.
Para dar vida às palavras o poeta não necessita de variadas cores, pincéis, cinzéis, instrumentos de sons, luzes, pedras, ferros, madeiras e de outros materiais. Com uma pena, um simples pedaço de papel e muita criatividade ele imortaliza a sua arte.
O poeta é um artista que possui a capacidade de captar, elaborar e transmitir sentimentos e emoções. Por estar em sintonia com o Universo o poeta é capaz de transformar o nada, o insignificante, a beleza, a dor, o amor e qualquer outra coisa em uma bela poesia.
Sentimentos e emoções não são captados por encomendas, por pesquisa de mercado, por marketing ou por outras vias. São captados por pessoas sensíveis e capazes de fazer uma leitura da vida humana, do cotidiano, do ambiente e do Universo.
Tudo serve de matéria prima para o poeta, desde uma bela e inspiradora musa até uma pedra no caminho. Ele é capaz de dar graça e beleza a qualquer assunto abordado. Apesar de tudo interessar ao poeta, existe um tema eterno que é o seu predileto: o amor.
No trabalho do poeta o amor não envelhece, ele se renova a cada instante. O poeta é capaz de falar do mais nobre dos sentimentos de milhões de formas belas, criativas e sempre novas. Da mesma maneira que o amor é tratado elegantemente, a dor ganha dimensões artística com o trabalho do poeta.
O poeta não é um bruxo, um mago ou um sobrenatural... Para o poeta o mundo da matéria e o mundo sutil não possuem fronteiras delimitadas e ele trafega com elegância pelos dois mundos. O poeta é um alquimista que transforma palavras, conhecimentos e sentimentos no mais belo e puro ouro da comunicação: a poesia.
A fortuna do poeta não advém dos ganhos com direitos autorais, nem mesmos com prêmios e honrarias. A sua maior fortuna é alegrar, elevar a alma de seus leitores e contribuir, com o seu trabalho, para um mundo melhor.
Minha jovem leitora, o poeta não é o dono da verdade, mas ama e trabalha a verdade. Não é a ultima palavra em amor, mas trabalha o amor em todas as suas formas. Não é o dono do mundo, mas se os governantes lessem e seguissem os grandes poetas, o mundo seria, com certeza, muito melhor. Pois, o poeta é o artista do amor e da fé.
Estimada leitora, um abraço e muito obrigado pela oportunidade de refletir!