o n_osso modo de a_mar

1

O acordar define o primeiro momento do dia. Ontem adormeci pensando acordar a pensar... em ti. EM TI pareceu-me um título à altura de todas as coisas, as altas e as baixas, macias e aveludadas quentes e sedosas, tudo à espera da Língua para te beijar logo pela manhã.

Se há coisa que gosto é de alguém que me diz que nunca lhe escrevi uma carta tão bonita como a última e me diz isso mesmo quando me esqueço de escrever e aí cá estamos nós a chegar aqui... EM TI.

A realidade não a inventamos, a realidade habita-nos e se alguém nos inventa devemos inventar esse alguém adquirindo o estatuto de inventores: - Quero habitar em ti, discretamente.

Basta que queiras estar comigo a toda a hora sempre que te apeteça, quando o apetite é "petit" ou "grand" e já lhe começaste a saltar em cima!...

Daqui a pouco escrevo-te, com literatura... Eu sei, como isso te custa?... Isso te tira e atira para fora de ti!... é o que te trás até Mim.

2

Gosto quando pedes para abusar de ti e te arre_pias toda quando te digo: - Vou-te usar!... Começo-te a preparar com amores de Chefe, cuidados de profissional dando atenção aos condimentos e preparando os produtos: pondo-te a marinar no gozo, para meu gozo e uso!

Aí o tens gordo como um tordo cozinhado, quente saboroso, preparado para migrar em ciclo: emigração/ imigração, cantando uma canção na tua boca até te deixar louca: - Dá-me!?...

O uso do gozo é o fogo! Fogo-te toda de gozo, como um gonzo, cheio gonzoooooooo... de rítmicas porradas lambidas e esporradas, a atirar: a ti rar... cá para fora... cá de dentro... lá para dentro... cá por fora... lá por dentro!

Como fica bela a tua pele brilhante, vibrante assim... intensa! E não pensa, diz, sente, pede e aprende a dar, dar, dar: Da, Sim. Da Da Da, Sim Sim Sim...

Como é belo o amor em Portugal e bom para exportar para Todo o Mundo, aportar com um belo (Como era mesmo o nome daquelas pedras que levavam nas caravelas para assinalar o lugar das descoberta? É isso aí!)...

3

Pelo menos três sem tirar! Respirar pela pele e pôr no papel a ideia a correr da veia em transmutação, consubstanciação e hóstia!...

Agora que o forno está quente, sente, sou todo teu: és toda minha... Cozinho-te em fogo lento, baixando a chama e dando tempo...

A perfeição foi inventada deste modo: com todo o tempo do modo... Modo-te como te moldo, como um deus Chefe: fazendo duma costela uma costeleta, divina!

Adivinha o meu gozo em sumarento caldo espesso de vinho e alhos, grandes alhos!, de te encher os olhos todos e fazer chorar por mais: quero teus ais!, e que chores a fazer amor, de olhos quentes...

Voltei a vir-me e tu dizes que não te consegues controlar e estás-te a vir sem parar e somos como o mar, perdidos nas ondas encontrados no (a)mar...

Segredo-te um poema e adormeces a arfar: com a pele dos ouvidos em fogo, o assado está feito e tu perfeita feita estás e é só servir quente...

Tropicais delírios nos trópicos mesmo quando atravessamos o equador deste prazer que roda como o mundo e, no fundo, é o nosso modo de amar.

{Já tinha preparado o §5 e o §6, ficam para logo..., agora é o §7}

§7

Acordo, como qualquer coisa, sento-me no só cego da sala e descubro que ainda estou cheio de sono.

Assim

[Ler "e-book" em:

http://www.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=168580]

Francisco Coimbra
Enviado por Francisco Coimbra em 23/06/2006
Reeditado em 23/06/2006
Código do texto: T180724