Carta de neto - ao avô Zé Vieira
Bença vô!
Ué, vai fazer 15 anos já, meu avô. Muita coisa mudou e outras se mantêm ao tempo pela força da tradição. Toda vez que desço pela avenida Padre Arlindo Vieira, perto do empório que existia lá, do Zé Moreno, eu vejo aquele lugar que o senhor gostava de ficar sentado.
A saudade é simples e fica para sempre. Lembra-se das sandálias marrons desbotadas? A gente ouvia o raspar pelo chão e aquele som anunciava o senhor chegando na cozinha. O passarinho desabrochava em cantos. Acho que ficava feliz também.
Outro dia, sonhei com a avó e o senhor se encontrando. Foi muito bonito. Quando acordei e vi que era sonho, me perguntei porque havia sonhado tudo aquilo. Pois é, desse lado de cá a gente não tem certeza. Apenas a espera(nça) de que tudo seja tão bonito quanto o projetor coração da gente ilumina o filme no sonho.
Resolvi enviar essa carta ao senhor, depois do sonho que tive. Imagino que por ai tudo é mais iluminado. Se essa carta servir, cada palavra foi escrita perto da porta, onde o Sol está molhando a casa, mesmo hoje, ainda inverno. E molhando com luz natural dos astros juntamente com meu carinho, que estou aqui porque um dia o senhor esteve por aqui também.
É verdade que nesses 15 anos, eu aprendi muito a cada légua por onde os pés marcam os chãos. E aprendi que a meninice que a gente carrega no peito precisa ficar defumando ao óleo mundano com todas as leis das gentes. Mas antes de tudo é necessário que o que a gente carrega no peito seja de fato bom e verdadeiro. E taí o grande risco. Mas se não arriscar vai ficar a vida inteira com um galho morto soterrado no peito parecendo que está vivo. O único segredo é não ser um jardineiro tão amador.
Fique com Deus meu avô e faço votos que o que sonhei seja de certo um lugar por aí onde luz não falta e carinho sobeja pelo ar.
Abraços e bença!
Bença vô!
Ué, vai fazer 15 anos já, meu avô. Muita coisa mudou e outras se mantêm ao tempo pela força da tradição. Toda vez que desço pela avenida Padre Arlindo Vieira, perto do empório que existia lá, do Zé Moreno, eu vejo aquele lugar que o senhor gostava de ficar sentado.
A saudade é simples e fica para sempre. Lembra-se das sandálias marrons desbotadas? A gente ouvia o raspar pelo chão e aquele som anunciava o senhor chegando na cozinha. O passarinho desabrochava em cantos. Acho que ficava feliz também.
Outro dia, sonhei com a avó e o senhor se encontrando. Foi muito bonito. Quando acordei e vi que era sonho, me perguntei porque havia sonhado tudo aquilo. Pois é, desse lado de cá a gente não tem certeza. Apenas a espera(nça) de que tudo seja tão bonito quanto o projetor coração da gente ilumina o filme no sonho.
Resolvi enviar essa carta ao senhor, depois do sonho que tive. Imagino que por ai tudo é mais iluminado. Se essa carta servir, cada palavra foi escrita perto da porta, onde o Sol está molhando a casa, mesmo hoje, ainda inverno. E molhando com luz natural dos astros juntamente com meu carinho, que estou aqui porque um dia o senhor esteve por aqui também.
É verdade que nesses 15 anos, eu aprendi muito a cada légua por onde os pés marcam os chãos. E aprendi que a meninice que a gente carrega no peito precisa ficar defumando ao óleo mundano com todas as leis das gentes. Mas antes de tudo é necessário que o que a gente carrega no peito seja de fato bom e verdadeiro. E taí o grande risco. Mas se não arriscar vai ficar a vida inteira com um galho morto soterrado no peito parecendo que está vivo. O único segredo é não ser um jardineiro tão amador.
Fique com Deus meu avô e faço votos que o que sonhei seja de certo um lugar por aí onde luz não falta e carinho sobeja pelo ar.
Abraços e bença!