Uma carta de ninguém apaixonado para alguém desconhecido
Entre cores confusas, feito pinceladas provisórias de um artista, ela estendia-se no céu: uma poesia chamada aurora. Me acalmava os ânimos e me trazia você no pensamento.
O sentimento que tenho nutrido por ti é tão estranho quanto frases desconexas de um texto ou traçados que dizem coisa nenhuma, pintura abstrata.
Como posso sentir saudade de alguém que nem conheço ? - e sinto. Nunca conversamos, é verdade; mas tenho a ligeira impressão de que nossa comunicação muda flui por estímulos magnéticos.
A cada olhar, a cada sorriso seu, uma força impulsiona em mim uma cadeia de sentimentos loucos que, entre palpitações, me faz sufocar um sufoco açanhado, que cria nuança em meu rosto e me convida para uma dança secreta. Nós dois: passistas de olhos vendados.
Nesta dança, pernas, bocas, olhos, braços, mãos, tudo perfeitamente sincronizado. Impulsivamente alegre.
O sexo é a alegria do corpo. Segredo nosso: meu e seu.
Um pingo gelado de chuva me chama de volta a mim. De repente rio baixinho.
O prazer é um riso apurado com oscilações agudas e tempestivas entre alegria e silêncio.
É com essa sensação de euforia quieta e vibrante que faço uma descoberta: que quando as vendas dos olhos caem e pupilas apaixonadas se alinham é o começo de uma grande história.