Agosto não é o mês do desgosto

O mês de agosto parece ser meio contraditório para algumas pessoas. Dizem ser o mês do azar. Que a bruxa fica solta. Chega a ser uma antipatia ser o oitavo mês do ano, mas como tudo nela funciona ao contrário, ela gosta muito do mês de agosto. Muitos acontecimentos importantes na vida dela aconteceram no mês de agosto. Por exemplo, o aniversário do filho é no mês de julho, mas ela só festejava no mês de agosto. Nunca festejou nada na data certa, tudo era adiado. E transformou o mês de agosto no mês das correrias. É a época de preparar a terra para receber novas mudas, podar as plantas pois é o último mês sem “r” do ano, e podas só nos meses que tem “r” no nome. É época para preparar o espírito para chegada da primavera que é a estação mais bonita do ano, pois tudo parece desabrochar. É o tempo do amor depois do inverno que é a estação da reclusão. A chegada da primavera, estação das flores, é uma explosão da natureza e os pássaros preparam os ninhos e logo a passarinhada toma conta da árvores, muros hera, arbustos, é tudo tão alucinante que dá vontade de ser passarinho. Como dizia Mario Quintana: eu passarinho, os outros passarão. Esta primavera será especial pois já no inverno começaram a chegar os canários da terra. E como não poderia deixar de ser, a filha caçula nasceu no mês de agosto; uma das netas nasceu no mês de agosto; o neto nasceu no mês de agosto e tem uma irmã que também nasceu em agosto; o sogro e a sogra também nasceram em agosto, que tornou-se um mês sempre muito festejado. E ela ficou pensando nas festas quando a menina era pequena e ela se encarregava de organizar as festas. Juntas escolhiam o tema. Todas foram muito bonitas, mas duas, sem dúvida, foram as mais marcantes; a primeira, porque na época era moda fazer tudo de papel crepom, era um sufoco, as toalhas com metros e metros de papel crepom com acabamento de fitas metalóides, tudo costurado à máquina. Pois foi na festa da Moranguinho que ela trabalhou o mês inteiro para fazer os painéis, os arranjos da mesa. A mesa era o jardim da Moranguinho. No centro da mesa, uma base de isopor, de cinco centímetros de espessura, com 1,20 por 1,20 metros, onde ficou o balanço e uma boneca, a boneca Moranguinho. Tanto o balanço como a boneca eram grandes e a base era toda coberta por franjas de papel crepom que faziam as vezes de gramado. E os doces, em formato de flores, do carinha da Moranguinho. Duas arvores de papel crepom foram plantadas nas laterais do balanço. E cada criança recebeu um copo de gelatina vermelha com uma pequena vela branca para a hora de apagar as velas e cantar parabéns. O bolo foi confeccionado pela mãe e pela amiga da mãe, pois as duas fizeram um curso de decoração de bolos para festa. Era uma cesta de merengue e morangos, morangos enormes naturais, fresquinhos. Era uma obra de arte. Na hora dos parabéns uma das crianças derrubou o copo com a vela acesa e pegou fogo na mesa de doces. Anos depois um amigo disse a ela que foi uma festa inesquecível pois foi a primeira vez que ele viu um incêndio andando. A base de isopor foi levantada com todos os elementos de decoração e jogada no jardim da casa para evitar uma catástrofe. E a outra festa inesquecível a menina já era uma moça e quis uma festa em casa com banda. Era uma banda que estava fazendo muito sucesso na época. A mãe não achou sensato fazer a festa com banda pois não tinham um local apropriado. A sala de festas é no quarto andar da casa e tem um terraço grande, mas ela ficou com medo que algum dos convidados mais afoitos bebesse muito e subisse no telhado, ou se pendurasse na grade de proteção. Mas a insistência foi tanta que ela disse à menina: mande os rapazes falar comigo e eles foram convidados para conhecer o local. E para surpresa dela, gostaram muito. Ficou resolvido que a festa seria ao ar livre, em volta da piscina, cujo espaço nem é tão grande assim, e onde fica a churrasqueira seria o palco. A festa teria inicio às 20,00 horas e terminaria às 0:00 horas, mas os rapazes da banda chegaram as vinte e começou o esquenta a espera dos convidados. Foi o esquenta e ensaio, ensaio e esquenta. Os convidados só chegaram as vinte e duas horas, quando iniciou a festa e foi animada. Animada é pouco, foi animadíssima. Mas a 1 hora da madrugada bateram na porta, era um policial muito educado, pois viu que os pais estavam participando da festa. Foi convidado para entrar para ver a meninada se divertido, mas não aceitou. Agradeceu e disse o seguinte: para evitar confusão é melhor tirar o baterista, sem percussão vai incomodar menos os vizinhos. Diga-se de passagem que os vizinhos foram avisados da festa e dos dois lados foram para praia. O baterista foi convidado a um descanso forçado e ficou resolvido que seria melhor transferir a festa para a adega pois lá a acústica é muito boa. Fica no subsolo e como estava desocupada, e o espaço é de bom tamanho, todos desceram e os músicos com seus devidos instrumentos, só ficou a bateria no palco. E os pais da menina ficaram na sala, a esta altura tão cansados pois os amigos deles já haviam se despedido, só ficaram os jovens. Essa altura já eram quase três horas da madrugada e a festa rolando lá em baixo, sem incomodar ninguém. Foi quando eles ouviram um movimento e pensaram, estão indo embora, os músicos, pois os convidados da filha sempre ficavam até o dia seguinte. Quando a empregada chegava até encontrava alguns dormindo pelo caminho. Teve um que veio com o amigo, era de fora, não conhecia a cidade, e ficou esquecido até o dia seguinte. A mãe foi buscar o dinheiro para fazer o pagamento dos músicos e quando desceu viu que a festa estava se transferindo para o ar livre e o baterista já estava dando um show. A polícia chegou novamente e disse, vocês deviam ter apanhado uma autorização e esse constrangimento seria evitado. Mas a festa foi muito boa. As sete da manhã, o vocalista da banda passou pela sala e quando o viu o pai e a mãe estirados nos estofados, perguntou: vocês não foram dormir? E a mãe, sempre muito protetora, pensou, eu não te conheço, como iria confiar as meninas a um desconhecido. E pegou o dinheiro e pagou o rapaz e ainda teve que insistir, pois ele disse que a festa continuava. A turma era muito animada e gostaram tanto que ainda deram um CD de divulgação para cada convidado. Eram rapazes muito queridos e depois a mãe da aniversariante descobriu que um deles, o que tocava contrabaixo, é filho de uma amiga dela. O baterista era filho de outra pessoa conhecida, O vocalista era sobrinho de uma conhecida. Sem dúvida, foi uma das festas mais animadas. E quem chamou a polícia, anos depois ela veio saber, foi uma vizinha jovem, mal humorada e de espírito envelhecido, que até hoje quando tem festa na rua ela liga para a polícia. E tem o hábito de ligar para o dono da festa para reclamar. A pessoa que contou disse que ela se revolta com as festas dos outros mas o curioso é que a mãe dela vive disso, pois é doceira, das mais famosas. Mas voltando às festas, todas foram muito bonitas, a de 15 anos foi belíssima, mas a de 18, com banda, essa ficou na história. Sem dúvida, a menina da porta da geladeira, ousava nas festas. Outra ocasião era quis um jantar a francesa. Todos sentados em volta de uma mesa enorme. Uma sala foi desmontada e se transformou em sala de jantar onde foi colocado em baixo do lustre, a mesa da família, entendida e que fica enorme. Cadeiras, capas, laçarotes, cristais, louças, talheres, tudo foi alugado de um buffet. E a decoração foi feita a quatro mãos. Nessa época ela já estudava artes. No centro da mesa, era um jardim de turfas, e mergulhada no meio das turfas, vasos de violetas roxas. No centro uma peça antiga de família, um anjo de porcelana branca de uns 45 cm de altura, fez as vezes de Cupido, e duas donzelas de cristal branco, com velas, ladeavam o jardim. E no pedestal das donzelas, violetas formando guirlandas e a aniversariante fez cataventos de veludo roxo e verde musgo, com hastes longas com completavam a decoração do centro de mesa. E os convidados receberam de lembrança, saquinhos dourados com pedras da sorte, quartzo rosa, amor, quartzo branco, paz, quartzo lilás, saúde, quartzo fume, amizade, quartzo verde, sorte, quartzo azul, tranqüilidade, quartzo marrom, mãe terra. Algum tempo após a festa, a mãe da aniversariante deu um saquinho das pedras para a amiga que estava inaugurando uma loja e tempos depois, a amiga disse, as pedras que você me deu me trouxeram muita sorte, é que ela são ecumênicas, acreditam que todas as religiões se unificarão um dia. E acreditam em tudo que tragam bons augúrio, pois elas tem algo de muito valor em suas vidas, que é a fé na força divina e na energia que move este mundo. Há um tempo para plantar e um tempo para colher. O mês de agosto, que a mãe terra prepara uma explosão de cores, é o mês que elas se preparam para saudar a chegada da primavera. E saldar a sua menina, desejando que ela receba muita luz, amor, saúde, realizações, proteção divina, e que a sua menina não se desiluda nunca, para que nunca perca a própria essência, pois para conservá-la é indispensável que ela seja muito feliz. Comemore muito, minha menina. Que nesse dia meu coração estará em sua companhia como em todos os dias do ano. Desejo que o Glenn saiba o que tesouro que tem nas mãos e saiba amá-la, protegê-la e respeitá-la com muito amor. Com amor intenso de sua Mamy. Feliz conta anos.

Nadia Foes
Enviado por Nadia Foes em 09/09/2009
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