TIA NICINHA
Jaboatão dos Guararapes, 08 de setembro de 2009
Querida tia Nicinha,
Tia! Saudade de tu, saudade da vida que levávamos saudade das pescarias...
Das vaquejadas, saudades das bebedeiras, dos casamentos dos matutos la do engenho e de
Santa Rosa.
Saio eu e tu no teu carro de estrada a fora pra vaquejar boi no pasto.
É tia a gente fazia muitas loucuras mais nada ofensivo. Lembra quando a gente saia de Garanhuns passava em Correntes, lá cerveja era quente, servia cachaça pra esquentar o coração.
E pra passar na ponte o rio transbordando. Vige era uma aventura, e seguíamos em direção ao engenho Santa Fé, difícil acesso pra chegar la, estrada de barro vermelho e o carro atolava aqui e acolá, era um Deus nos acuda.
Uma mulher e dois adolescentes de companhia pra empurrar seu carro atolado, naqueles desfiladeiros nos meios das serras, parecia caminho e não estrada, mais quem se atolava era a gente que afundava na lama vermelha, e como eu usava óculos era o único lugar no meu corpo que não mudava de cor: os olhos, o resto era só lama vermelha. Muitas vezes os carro ficava na estrada e a gente seguia viagem a pés. Chegando lá Selava dois cavalos, ela em um
Eu e chiquito no outro, sobe serra, desce serra. Era terra que a nossa vista não alcançava.
E quando parávamos já estropiados, tudo assado, sem conseguir andar só nos restava pegar a danada no fundo do pote pra molhar a goela, pra refrescar o corpo e de volta pra casa enfrentar o mesmo trajeto, uma aventura de arrepiar.
Que saudade tia da minha infância feliz. Não esquece tia de mim, pois eu te amo.
Da lembranças a todos do céu.
Sua sobrinha e cria que te ama muito
bel Tenório