LIBERTE-ME

LIBERTE-ME

Sou de fato imatura para muito dos atos da grande peça da vida, contudo o pouco aprendizado que adquiri foram por mim interpretados, ora como diretora, como protagonista, ou como mero figurante, mas vivenciei cada uma das experiência que carrego comigo.

Neste curto tempo em que dividiu comigo este grande palco deve ter percebido que não vivencio experiências alheias. Tenho necessidade de conquistar meu espaço, de vivenciar minhas vitórias, e derrotas, não nasci para permanecer na platéia, nasci para brilhar não para reluzir, e este tem sido meu maior dilema.

Nunca tive a presunção de compreender a alma humana, nunca busquei por respostas complexas da existência de Deus ou da humanidade. Sou do tipo que me entretenho com os pequenos problemas do cotidiano, coisas simples do tipo: - Como respeitar ao próximo sem se anular? - Como ser companheiro sem cobrar? Como vencer sem persistir? Como amar sem se importar?

Foram de fato muitos anos compartilhados entre nós, mas não foram “unidos”. A palavra unido empresta sua etimologia a situações onde há adesão, harmonia, concórdia, pacto, acordo, laço, vínculo entre outras.

Nossa maior dificuldade desde a gênese do nosso relacionamento resume-se nesta única palavra, “unidos”.

Minha anima consiste em ser extrema em tudo que faço, o morno me dá náuseas. Não estou defendendo esta forma de vida, só sei dizer que sou assim! Tentar engolir o morno me adoece me consome. Sei que não tem sido fácil conviver comigo, mas a minha essência é rebelde e errante, mudar consiste em deixar morrer o que há de melhor em mim.

Acredito, defendo e prego o livre arbítrio, aprendi que somos como um pequeno veleiro no imenso mar da vida, o que nos dá movimento e traça nossa direção são as decisões que tomamos e suas conseqüências. Acredite não há uma única decisão sem conseqüências!

Quando decidi viver com você mensurava as conseqüências, não as proporções. Nunca me decepcionei quanto ao escolher estar com você, decepcionei-me em ter enganado do como seria, decepcionei com suas atitudes, com seu comportamento.

Há anos, contra tudo e todos, responsabilizando-me por todas as conseqüências, eu decidi entrar nesse mar carregando comigo apenas o meu filho para velejarmos pelo caminho de uma relação estável, segura, amiga, companheira e forte. As tempestades sempre foram previstas, mas acreditei que juntos pudéssemos superá-las e transcendê-las .

O problema que você maximiza em nosso casamento é efêmero diante das metas que possuíamos. Ver que estas metas se dissiparam com os ventos das tempestades do dia-a- dia me traz dores de morte.

Nós enquanto família estamos parado em alto mar, agora com um tripulante a menos. As vezes tenho que me prender no convés para não saltar nas profundezas do oceano. Está muito difícil permanecer na proa sozinha. Muitas vezes tento fazer o que me pediu –“Meta-se com a sua vida”, mas sei que a decisão que venha tomar para a minha vida afetará radicalmente a sua, não sei agir assim.

Estou me sufocando ao ver o horizonte sem poder alcançá-lo. Como sabes preciso continuar, não conseguirei permanecer parada por muito tempo.

Você ao contrário de mim já sabes o que pretendes para o seu futuro, e não hesitará em tocar o horizonte sozinho. Sei que não faço mais parte dos seus planos há muito tempo desde que decidiu quebrar os acordos que nos fortaleciam, rompendo o nosso elo, tomando decisões que nos afetam por conta própria. Não somos mais família, se é que algum dia fomos.

Quanto ao tempo a que se refere, nunca fora roubado, fora preenchido por compromissos vazios e supérfluos que nenhum valor nos trouxe como família. O que mais me machuca é saber que foram tantas abdicações para sermos vencidos por um mero capricho, sem nenhum sentido. É difícil mensurar o valor de nossa família diante de tal postura.

Plenitude para mim e poder transcender por meio das gerações. Renunciei aos filhos que ansiava para poder continuar contigo, tem sido um grande preço. Preciso saber se fiz a escolha certa, se errei me liberte enquanto há tempo.

Precisamos decidir o que fazer para sairmos da platéia e tornarmos protagonistas das nossas vidas, o morno esta me consumindo, me recuso a seguir contigo como estamos. Não consigo amar sem me entregar. Desde que tudo começou tento de todas as formas ignorar as suas decisões e levar minha vida. Não esta dando certo. Preciso que me liberte para continuar remando com ou sem você. Eu não consigo decidir sozinha o rumo de nossas vidas, pois a muito decidi caminhar contigo, e esta é uma decisão que precisamos tomar juntos, medindo todas as conseqüências e o preço que estamos dispostos a pagar.

10/10/2008

Intensamente Inocente
Enviado por Intensamente Inocente em 06/09/2009
Reeditado em 18/12/2009
Código do texto: T1795541
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