Carta de Depressão
Só quem já esteve na mesma situação que me encontro agora pode saber realmente o quanto é penoso sofrer desse mal tão cruel: a depressão.
Ao longo de toda minha vida já havia vivenciado momentos nos quais me sentia "para baixo", assim como tive também situações diversas de “alto astral”.
Tenho plena consciência que as oscilações do humor e do estado de espírito de qualquer pessoa são normais. Sei que esses sentimentos fazem parte da vida de todos nós. Mas, o que sinto nesses últimos meses é algo bastante diferente: é uma doença, um mal incontrolável, uma sensação que não consigo vencer.
Desde o primeiro momento em que pus os pés nessa cidade, minha vida mudou drasticamente. Ter sido forçado a mudar-me para uma cidade distante de minha terra natal, para longe de meus entes queridos foi algo que realmente me abalou profundamente.
Aqui, nesse lugar sombrio e desumano, tenho passado por situações horrendas, sensações de tristeza e dor como nunca havia presenciado em toda vida.
O dia está quase amanhecendo e estou aqui mergulhado em pavor e medo. O sol está quase raiando e até agora não consegui dormir nenhum minuto sequer. Depois de tantas horas em claro resolvi escrever essa Carta para poder me distrair um pouco dos pensamentos negativos e tentar esquecer as dores e enjôos constantes.
Minha vida nessa cidade tem sido tão difícil; não tenho energia e interesse para trabalhar. Já estou há mais de duas semanas sem sair de casa, e quanto mais penso no risco que corro de perder meu emprego, fico ainda mais deprimido.
Tenho procurado não faltar nas sessões de psicanálise, pois sei que preciso de tratamento, mas infelizmente nesses dias não tenho tido forças para fazer nada, nem mesmo para tomar os remédios.
As alterações do apetite e do sono me fizeram perder muito peso. Quando me olho no espelho só vejo pele e ossos, o que me faz chorar convulsivamente. Dessa maneira tenho passados os dias em meio aos choros e lamúrias.
A princípio pensei que a tristeza que sentia logo que aqui cheguei era fruto da saudade de meu lar. Eu imaginava que com o passar dos primeiros dias voltaria a viver normalmente, mas jamais pude imaginar que acabaria numa situação dessas.
Todos os dias eu peço a Deus que me ajude a sair desse poço em que me encontro. Não sei até quanto poderei suportar tamanho pesar.
Essa Carta é mais do que uma simples distração, pois ela representa ainda um pedido de socorro de uma alma aflita. Essa Carta é dirigida a todas as pessoas boas e de coração puro. Assim, espero que você, meu amigo, possa me ajudar de alguma forma.
Quem tiver acesso a essa Carta e puder me ajudar, saiba que serei grato pelo resto de minha vida !!!
Brasília - DF, 04 de setembro de 2009.
João Vale dos Santos
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Brasília - DF, Setembro de 2009.
Giovanni Salera Júnior é Mestre em Ciências do Ambiente e Especialista em Direito Ambiental.
E-mail: salerajunior@yahoo.com.br