Para que serve o ensino de História?
Caros Colegas,
Começo a resposta a esta carta pensando um pouco na relação do ensino de História juntamente com a escola, pois, o ensino e a escola estão intimamente ligados.
A partir disso, recordo os meus tempos de aluna secundarista. Isso hoje passou a dialogar diretamente com meu ofício de professora, que foi a profissão que eu escolhi para desempenhar por toda a minha vida.
Eu sou ao mesmo tempo as duas faces de uma mesma experiência, por isso falarei um pouco do que essa relação da escola-ensino de História foi para mim na minha época de colégio.
Primeiramente, devo considerar que História é a ciência humana básica - apesar das controvérsias que existe a respeito da cientificidade da mesma - na formação do aluno, pela possibilidade de fazê-lo compreender a realidade que o cerca e que consequentemente resultará de um espírito crítico, capacitando-o a interpretar essa mesma realidade.
Todavia, essa formação para um espírito crítico não significa, necessariamente, levar alunos a posições ideológicas extremadas, mas capacitá-los a discernir as várias linhas e correntes de interpretações que se podem dar aos fatos históricos.
Por outro lado, a cientificidade que a história tem, possui seus métodos e instrumentos de análise que devem ser respeitados. O ensino de História, necessariamente, deve levar em consideração essas premissas, também, com a finalidade de estimular vocações para esse ramo do conhecimento humano. Assim, o estudo de documentos e as várias interpretações, suscitadas pela História são pontos fundamentais no estudo dessa disciplina.
Retomo agora a questão do que a escola-ensino foi para mim na minha época de secundarista, logicamente refletindo no que a escola é para mim como um ambiente, lugar e espaço onde exerço minha profissão.
A escola serviu para mim como uma espécie de amortecedor da minha realidade, lá eu esquecia que era uma menina humilde, que não podia estar ali. Ela sempre foi um lugar sagrado e de felicidade onde eu não podia chorar minhas mágoas, não podia ficar triste nem para baixo. Quando eu colocava meus pés na escola, tudo que me afligia ficava para atrás, mesmo que tudo se direcionasse para que eu ficasse triste.
Por isso, penso que a escola e o ensino de História juntamente com todas as disciplinas integrantes do currículo devem ajudar o aluno a se integrar nesse recinto onde o mesmo possa se libertar de seus problemas e ansiedades.
A cerca disso devemos subvertê-la e ou aperfeiçoá-la tecnicamente, com a ajuda de pedagogos habilitados e engenheiros de currículo, para que a escola e o ensino, se adequem as emergências e necessidades que fazem parte da nova realidade desses alunos e professores.
O que se deve ensinar? Por quê? Para quê? São questões inquietantes e que na ausência de respostas concretas, as boas intenções continuar-se-ão a permanecer, mesmo que se revestidas de ilustres expressões e cobertas por atitudes pedagogicamente corretas.
Atrevo-me a dizer aos responsáveis pela Educação no Brasil, que façam uma reforma na educação que dê condições aos estudantes de avançar, habilitando-os para além da busca do trabalho secular. Para liberta-los dos paradigmas educacionais, e dos ensinos factuais, por despertar o espírito criativo, crítico e cognitivo para beneficio desses próprios alunos e de outros que os cercam.
Atenciosamente,
Nainalva Reis Santana
SSA, 03 Julho de 2009.