Canto ao Vento

Quanto às remoídas lembranças, as esqueça em qualquer corredor, jogue-as sobre quaisquer traços de lençóis quebrados, lance-as em qualquer castigo. Pois, o que quero me tornar hoje é teu fogo nos indevidos sarcófagos frios, das noites mais soturnas.

Quero ser tua sombra em desertos infinitos. Em dias de queimar os pés, ser o teu chão para acalmar os tormentos, teus cansaços. Tornar-me chuva, quando teu coração estiver seco pela amargura.

Quero em ti adormecer, e caber na palma da tua mão. Quero viver, no êxtase da essência do teu olhar, no cântico soberano da tua fragrância, me fortalecer com a tua voz.

Jus em mim, o amor que clamei ferido, rezei pecador, sonhei feito criança. Em ti encontrei, quanto como santificar de uma escuridão surda, o raio e o trovão que devastou as ruindades, o dilúvio que lavou o meu espírito. Por ti ceguei meus sentidos, para escutar somente tua respiração, e assim, me mantendo em paz.

Quero ser teu ar, se faltar.

Quero ser tua água, para saciar.

Quero me tornar teu único, para te amar.

Quero te amar.

Quero que me conceda o árbitro para me semear em ti, porque preciso renascer e colher bons frutos.

PR Lima
Enviado por PR Lima em 20/08/2009
Código do texto: T1763533
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