CARTAS AO LEO
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Campo Grande, Setembro de 2008
As telas de Paul Cézanne, pintor francês (1839-1906), não têm, é verdade, a sensualidade de Gauguin, nem a leveza de Renoir ou a emoção de Van Gogh, artistas de sua época, a segunda metade do século XIX. E, no entanto, seu conterrâneo Henri Matisse, disse: "Ele é o mestre de todos nós". O espanhol Pablo Picasso declarou: "Ele era como nosso pai". E completou: "Ele foi meu único mestre". Ora, como é que um pintor sem as qualidades de Gauguin, Renoir e Van Gogh, teve tanta influência na arte de dois gigantes da pintura moderna? Mais: Por que virou referência da arte moderna?
Para piorar, a personalidade dele em nada lhe ajudava. Cézanne era introvertido, tinha síndrome do pânico e era avesso aos sinais da modernidade. Achava que as calçadas para pedestres adulteravam o clima da cidade e dizia que a iluminação elétrica das ruas, removia o crepúsculo. E, mesmo assim, Henri Matisse e Pablo Picasso o consideravam seu mestre. Por quê?
É que Cézanne - segundo os estudiosos de sua vida e obra - "vivia a pintura mais do que a própria vida", e, por isso, sua arte transcendeu seu tempo e até sua excêntrica personalidade. E quem já apreciou seus quadros não teve dificuldade de perceber que Cézanne não viveu, Cézanne pintou. E, pintando, sepultou o academicismo e, talvez, sem querer, esboçou o estilo de onde sairia o modernismo.
Inté mais Leo!
RSérgio.
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