O QUE VOCÊ NÃO PODE CONFESSAR?
"Fumo. Bebo. Desejo a mulher (ou o homem) do próximo (a). Incógnitas".
Quantos "não" poderíamos? Ou não se pode, ou não podemos.
Como terapeuta proibir teria o sentido de proibir o desejo, o pensamento, o sentimento do outro. O que seria impensável.
Mas o que "não" podemos "confessar"? Ou seja, contar para um outro?
É engraçado, não podemos "confessar" ou contar quase nada. Entrar num confissónário deveria ser ótimo. Para ser escutada (o).
Uma vez uma pessoa de um outro "credo" se manifestou:
_ Que maravilha vocês, cristãos, têm a possibilidade de se confessar.
Fiquei pensando. Sim, ótimo se pudéssemos ser escutados. Mas quem confessa, chega ao confessionário para contar pecados, e assim, "culpas", "mea maxima culpa".
Um confessionário seria acolhedor se quem estivesse do outro lado escutasse as angústias, sem a preocupação de ouvir um pecador (a). Se no lugar de um confessor houvesse um escutador. Sem julgamentos.
O quanto somos sós e abandonados de um boa escuta nesse nosso mundo atual.
Não acredito que uma terapia seja o único caminho, mas quando encontramos um "bom escutador", um ser humano que acredita na comunidade de destino, ou seja, que acredita que somos todos falíveis, que todos sofremos do desamparo original... É mais que bom, é vital.
É nesses momentos que pacientes e terapeutas nos humanizamos.