Cartas de amor
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas. (Álvaro de Campos)
Tenho feito poemas ridículos, escrito linhas e versos medíocres, com sentimentos pequenos...
Não consigo deixar de escrevê-los, pois é o que me consome. Não consigo deixar de pensar em quem talvez nem lembre da minha existência. Sofro calada, e então sufocada, desabafo nesses pobres versos.
Procuro a razão, mas minha mente me trai e me leva a pensamentos tortos. Sem conseguir a clareza, desabo e copiosamente choro. Depois, com a alma mais leve, continuo a vida como se nada ou qualquer raio tivesse caído. O trovão que me rachou, a traça que ruiu as minhas entranhas, por hora, deixam-me e eu consigo levantar. Até a próxima tormenta causar todo o estrago novamente.
Se ao menos eu tivesse vivido esse amor, ao menos uma vez...