Saudade Eterna, Jéssica.

É que eu hoje acordei pensando em você.

Não assim sem razão, mas porque hoje os dias chegam ao calendário

marcando uma saudade que vezenquando eu finjo esquecer.

É que me dá um nó aqui na garganta,

que eu fico sem ar, sem fala, sem reação.

Quando penso em você, meu coração bate devagar,

como se tivesse sentindo vontade de parar.

Eu já não consigo ter muitas lembranças suas,

não tantas quanto deveria pelo menos,

é que por mais que a gente não perceba,

o tempo passa, e vai levando tanta coisa.

Mas eu ainda lembro do seu sorriso calmo,

do seu seu abraço apertadinho,

lembro daquele casaco cinza que você usava

por baixo do uniforme da escola nos dias de chuva.

Lembro dos segredos que a gente compartilhava,

lembro das colas que a gente trocava nas provas.

Lembro de como você ria da minha letrinha pequena,

dizendo que eu ia ter muito que escrever na redação do vestibular.

Lembro de como você evitava as brigas.

Lembro de como eu gostava de brigar com você.

Lembro dos seus olhos atenciosos quando alguém falava com você.

Lembro das nossas risadas e lanches coletivos na escada na hora do recreio.

Eu lembro da despedida daquelas férias de julho de 2004.

Lembro do meu '- Boas férias' e do seu '- Até a volta.'

Mas é que você não voltou.

E eu não pude acreditar quando me disseram.

Parecia que a piada ia estourar a qualquer momento.

Aquela seriedade toda não combinava conosco. Nunca combinou.

Mas eu vi e tive certeza, a certeza mais doída da minha vida inteira.

Você não ia voltar. Nunca mais ia voltar.

Eu ia ter que aprender sozinha matemática 2 pra terminar o ano na escola.

Mas como eu ia voltar pra escola sem você lá,

como tinha sido sempre. Eu achei que nunca fosse conseguir.

E ali, eu fiquei olhando pra você, tão sem vida diante dos meus olhos.

E tão viva no meu coração, como podia?

Eu procurei o seu sorriso, mas você não deu.

Nem um último, pra ficar marcado.

Lembro que uma mão firme me apertou do lado esquerdo

amparando a queda e me tiraram de lá, e eu não lembro de mais nada.

O seu rosto ali, por trás daquele vidro nunca saiu da minha cabeça.

E ainda dói. Porque o tempo passa, mas a saudade não.

E eu sinto muito a sua falta.