Sonhos ruins, gosto amargo.

Eu costumava sentar no quintal de casa e sentir o vento passar, ouvir as histórias que ele trazia das terras além do horizonte. Aquilo era tudo...

Tudo o que pudia ou queria ter... Eu me via nua, sem máscara e sem vergonha alguma, por que eu sentia que o tempo me respeitava e o mundo me aceitava como eu era. Eu era feliz e cheguei a pensar que seria assim pra sempre.

As canções contam histórias tão complicadas, tão fáceis de compreender.. Achei que escutando o que elas diziam, eu aprenderia tudo o que tinha de saber pra viver minha vida, eu iria adquir toda a sabedoria que deveria ter.

Porém, de alguma forma muita estranha e totalmente inesperada, esqueci tudo.

Tudo perdeu seu sentido, o vento já não sussurrava mais para mim. Não entendi como fui parar ali, como que tudo aconteceu assim..

Me perdi de mim.

Assumi outra vida, fui outra pessoa, aceitei a verdade dos outros. E me perdi ainda mais.

Não chorei mais.

Não me importava mais com nada. Não existiam regras para me guiar ou doutrina para me convencer de que eu morri, mas que meu coração ainda batia, quieto e triste. Sozinho e sedento de minha própria atenção.

Vivi como se não existisse nenhum lugar pra mim. E achei que seria assim dali em diante.

Estou aproveitando esse tempo. Quero aprender a usar a solidão, ser refém da liberdade, me tornar uma mulher de verdade. Ouvir o chamado do mundo outra vez.

Sei que não vai ser como antes; estou me conformando com isso já há algum tempo. Mas não importa. Sinto que estou voltando pra casa.

Lia Reis
Enviado por Lia Reis em 31/07/2009
Código do texto: T1728669
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