Ao meu pai

Sempre nos deste, a mim e a meus irmãos, a melhor educação que poderíamos ter. Ensinaste-nos a respeitar os mais velhos, a não interrompermos a conversa dos adultos, a rezar e a pedir a benção antes de dormirmos e ao nos levantar. Ensinaste-nos o que era certo e errado, o que deveríamos ou não fazer. Nos deste tudo o que precisamos: roupa, comida, educação, carinho e atenção, além de cuidados com a nossa saúde.

Lembro-me de quando te sentavas no sofá da sala e eu, ainda criança, me deitava em teu colo e começavas a me fazer cafuné; eu sempre acabava pegando no sono e, pra não me acordar, o senhor me pegava nos braços e me colocava na cama. Eu, uma ingênua criança... Eu era tão feliz e não sabia, papai! Eu te tinha como meu herói e tinha a certeza de que sempre me socorrerias quando eu estivesse em apuros.

Aos poucos fui crescendo, vivendo a adolescência e entrando na fase adulta. Fui descobrindo novos horizontes e pouco a pouco aquele herói que eu sempre imaginei em você foi morrendo. Hoje te tornas, para minha profunda tristeza, um grande vilão. Já não sei mais se posso contar contigo como antes. Você acabou se fechando, ficou trancado dentro de si mesmo. Já não vejo mais no seu rosto aquele sorriso terno de tempos atrás, já não sinto mais a preocupação de sua parte em relação à família.

Sei que não sou mais aquela menininha de antigamente, não sou mais a caçula que podia deitar em teu colo e dormir. Sei também que o tempo passa e as pessoas mudam. Mas, eu não queria que tivesses mudado, não queria que tivesses feito coisas que magoassem toda nossa família...

Hoje eu sinto saudades... Saudades do herói que foste para mim um dia.

Anny Silva
Enviado por Anny Silva em 27/07/2009
Código do texto: T1722229
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