Paixao de Adolescente.
Paixão de Adolescente.
Na minha adolescência fiquei apaixonado. Foi uma paixão furiosa, que se desenrolou por algumas etapas. A primeira etapa foi a dor da paixão solitária, não correspondida, nesse momento somente eu sabia que estava apaixonado. Meus olhos só a viam, Ela era sorridente, andar elegante, sedutora, livre. Como Afrodite passava por todos sem ser de ninguém. Zombava daqueles olhos que sofria vê-la. Mas ela mesma não sofria. A cada noite em meu quarto minha imaginação, vagava pelo quarto dela, pelas possíveis roupas que estaria usando, lençóis, em meus pensamentos via o decote da sua camisola mostrando o início de seus seios firmes bem desenhados sobre aquele tecido mole marcante e reluzente. Seu corpo sobre a luz leve de uma luminária me enfeitiçava a sentir em pensamentos abraçando aquele corpo. Tocando-o acariciando-o, beijando-o, olhando-o, contemplando-o.
O próximo passo foi ouvir dela o que eu menos queria ter ouvido: eu era seu melhor amigo, ela sempre vinha falar-me dos meninos que estava paquerando aumentando ainda mais meu ciúmes. Sofrendo sem revelar que eu a amava. Não existe coisa mais inevitável nos namorados, nos amantes, quem não tem ciúmes não ama. Porque o ciúmes é a consciência de que o objeto amado é livre. É dor que a pessoa sente que a imagem da amada está dizendo adeus. O amor não vive preso, em gaiolas ele é livre, basta engaiolá-los para que morra. Ter ciúmes é reconhecer a liberdade do amor. Passaram se os dias até que criei coragem, tomei uma taça de vinho e depois de ouvir as confissões de seu coração, Falei de meus sentimentos, que nutria minha alma, que era mais que ser amigo dela, eu desejava ser o seu amor.
Pois bem, aqui a lei da atração não funcionou, por mais que eu a atraia, em pensamentos, em gestos, em palavras não foi suficiente para conquistá-la. Aquelas expectativas eram minhas e não dela, Muitas foram minhas orações, minhas rezas, também não foram suficientes para conquistá-la, me lembrei do Salmista “Fiquei como quem sonha”. O pior não foi o não que recebi o pior foi a sensação, de não ter, não ser, ou seja: Não ter elementos sejam eles físicos, sejam econômicos, espirituais, sociais, psicológicos, é a sensação, de perdas por não ter, não ser, a pessoa que ela desejava.
Logo, cheguei a conclusão alarmante: o amor do momento não vale para vida toda. É assim, pedaço arrancado de meu peito, lágrimas, correndo pela face, desencanto de um adolescente, frustração, revolta, sentimentos de perdas, dor que não desejei que ela fosse curada, era a dor do amor. Daria tudo por um abraço, por um beijo...
Não, não é possível evitar a dor, Não é possível por um fim a um grande amor sem chorar. Somente a razão nos convence que há coisas que no princípio são prazeres e no final são dores. E outras que no princípio são dores e no final são prazeres.
Dr. J.F. Alvarez.