Laudate dominus
Laudate dominus
Não sei o que é mais estranho...O conjunto das coisas que você me disse, ou o fato de eu não ter tido emoções em ouvi-las... À semelhança de algumas mulheres, você insiste em ser como uma pessoa frágil e desamparada, mas nada disso é verdade. Procure vasculhar seu íntimo, que as verdadeiras razões de suas dúvidas surgirão. A vida tem uma seqüência cronológica, como o compasso de uma sonata, como os movimentos de uma sinfonia, cujos andamentos dependem da personalidade e estilo do compositor. Agora mesmo, repeti o laudate dominus da missa solene de Mozart, sem qualquer menosprezo ao magnificat, apenas por desejo íntimo de ouvi-lo. A lógica do compositor não se impõe a quem escuta, assim como, a lógica da vida não se impõe a quem vive! Algumas mulheres sentem-se como membros de uma orquestra, no máximo concertistas, nunca regentes...O maestro será sempre o homem, mesmo que entenda pouco das partituras. Há momentos na vida, e não são poucos, em que falta lógica e boas razões para um relacionamento. Faltam dinamismo, vigor e uma infinidade de fragrâncias, incluindo o tresandar de corpos suados, a doce música mecânica, que me permita Henry François Rey; não entendo o que é mais estranho; se a obrigação de ser feliz a cada segundo, ou a idéia íntima de que a felicidade deva ser dosada e existir como pulsos, intermitentemente, para que não sature, e as pessoas não corram um risco de felicidade pelo avesso. Sei muito bem entender suas precações e deprecações, já tendo sofrido o suficiente nos momentos certos, sem direito a bis, pois, não se desperdiça sofrimento, embora felicidade possa ser desperdiçada. Você pode entender esta seqüência de idéias ou antiidéias, como preferir e melhor lhe convier; de novo lhe fico muito grato!