Carta ao meu Avô.

Quando eu morrer o mundo continuará a ser o mesmo, vô!

Os raios de luz de uma nova manhã continuarão a envolver as mesmas coisas graciosamente.

Quando eu morrer as águas turbulentas ainda rolaram de forma absurdamente violenta.

As estrelas ainda acenderão um belo céu de dezembro.

Quando eu morrer as pessoas continuarão as mesmas,suas pequenezas e inquietudes.

Por que para aqueles que andam na pressa,o amanhã será sempre o mesmo que ontem,e que o antes de ontem.

Minha única certeza? A MORTE!

Tanta diferença de uma pessoa para a outra.

Forte o senhor do meu tempo.

Que corrói aquele que foi e os que aqui ficaram.

Lembra o que passamos e o que vivemos,vô?

Volta!

Estou aqui em um delírio triste vendo você voltar.

Só me recordo as lembranças boas.

Lembra o que passaram?

O interminável amor que ela daria tudo para ter de volta mais um dia.

Ainda corre na minha cabeça,

a eterna esperança de que um dia

reviveremos as tardes frias sentados na cozinha.

Brigando e falando do mundo.

Volta tempo,não quero viver nessa lamentação.

Volta!Traz de volta o coração que tão brutamente dela tirou.

Só nela a saudade ficou?

Vai viver agora como uma moribunda,

alucinada pelo passado envelhecido,

de quem já foi feliz algum dia.

Traz de volta a alegria de que tudo prometia.

Vai viver do que a vida levará.

Volta!Traz de volta!

Georgia Cunha
Enviado por Georgia Cunha em 09/07/2009
Código do texto: T1689877
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