Conversa particular
Querido diário,
Algumas pessoas nos dizem “certas verdades”segundo elas; que nos magoam. São palavras que no fundo nos falam da importância ou do descaso que somos para o próprio autor das “verdades”. Não atribuo aqui um desassossego de meus pensamentos, mas fatos que já me tiraram o sono quando ouço essas palavras de quem muito admiro.
Sei que sou assim, de muitas faces, de muitos sobes e desces, de dias tristes. Todavia eu tenho uma atenção especial para com todos que me rodeiam. Não se pode discutir que João , ou melhor, o nome dele é tão parecido com o meu que decidi chamá-lo assim; é meu amigo. Bem, ele é muito estudioso ainda mais no que diz respeito a nossas tradições regionais. Ele é um infatigável pesquisador do folclore do Nordeste.
Foi essa dedicação que me fez admirá-lo (estou para dizer que o amei no primeiro olhar). Agora ele quer viajar ao sul do estado do Piauí, precisamente a Oeiras - primeira capital do estado – isso durante o festejo de nossa padroeira. Sei que é mês de férias e ele deve aproveitá-lo. E como ficam nossas tradições nesse ínterim?
Ele argumenta que as riquezas da cultura piauiense encontram-se enraizadas em Oeiras. Sei que estou explicando demais e fugindo de meu propósito inicial: as “certas verdades”. O caso é que ele me disse que se não o acompanho é porque estou pensando em festas e em rapazes para namorar.
Como isso doeu! Que diria eu a ele? “Não, João, eu estou é com medo de não me controlar estando uma semana sozinha com você, ouvindo sua respiração falar de música e dança de nosso povo sem poder te puxar para um forró bem agarradinho”? Oh, meu amigo! A vontade de ir com ele foi tão grande que agora me confinei no silêncio de não enviar correspondência a ele (...)
Mas aqui não é a mesma coisa sem ele! E lá também há tradições religiosas, bancos de pracinhas para sentarmos à tardinha e, não sou avestruz para esconder-me com medo do amor!...
(... estou de malas prontas...)
Tchau!...