Pra ser sincero,

Pequena,

Ser sincero às vezes é muito difícil. Sincero consigo mesmo é mais ainda. A verdade é que é duro mostrar a si mesmo suas falhas, mas é quase impossível identificar em si as suas virtudes.

As pessoas amadurecem. A ostentação já não seduz os sentidos. Nem a beleza. Saltam aos olhos novos valores, que atraem mais intensamente o coração e o pensamento - a integridade, a disciplina, a coragem, a educação, a simpatia e a inteligência.

Esta última é a chama que não apaga, e em ti a encontrei, junto à perspicácia para dos lábios roubar minhas palavras, que saltam dos teus com naturalidade, harmonia inerente à tua fala.

Se diz, seduz, conduz, condiz com o que eu sinto, isto é verdade. Talvez seja difícil explicar, mais ainda pode ser acreditar no que eu digo, pois sinceridade nunca me foi o braço direito, o ombro amigo, mas em tua companhia nunca me faltou, por favor, me acredite.

É dos pequenos gestos que não nos esquecemos, e da tua carona que desconfiadamente recusei a minha memória não olvidará. Daquele passo descontraído, descompassado, daquela festa não irei me esquecer: ainda guardo a pulseira de entrada deste dia, por tua causa.

Daquele shopping, do cinema e da espera com o violão não me esquecerei também, não perderei o sabor que me chegou aos olhos quando, naquele corredor, te vi ao meu caminho, com o vestido de primavera mais bonito, com aquele andar que despropositadamente excede poesia, mas não desmerecidamente, é fato.

Da fantasia, da batata e do jantar de gente grande. Da primeira carta, da promessa de que serei sempre o melhor que posso ser - por ti, por mim e, enfim, por nós. Das mensagens, das declarações, dos vocativos, aaaah, dos vocativos!, que não permito nem minha mãe repeti-los, pois são teus, minha pequena.

Das madrugadas, dos almoços apressados, da espera frente a tua escola. Dos coqueiros, da tua canção. Das tardes, do parque, daquele banquinho gostoso onde a gente nem lembrava que havia um mundo lá fora, que o relógio contava as horas e que existia um tempo que passava, mas não para nós, porque era o momento de nossas vidas, que valia os nossos dias.

Ser mais que um nome, que um rosto na estante, ser mais do que qualquer um já foi e deixar todos os outros para trás: a melhor promessa que dois corações forjaram para si, sendo maiores e mais fortes juntos.

Confessar segredos, compartilhar clássicos antigos, Dirty dancing de lá, The circus de cá! Partilhar sentimentos e sonhos, se perder na alma do outro: ser escudo, espada e espelho.

Aprender a amar, a se amar e a de fato ser amado. Os nossos caminhos foram traçados no calendário, destinados a andar sempre juntos ao passar dos anos.

Não é uma daquelas histórias que se ouve antes de dormir, mas não há muitas como esta circulando por aí. Os meus melhores meses, de fato, foram, são e serão teus, se acaso me quiseres e desejares ser assim.

Não te prometo mais o sol, não tenho mais frases bonitas, sei que meu cabelo está feio e que já é tempo de cortá-lo. Minhas faces, minhas fases, meus charmes e meus pretextos já nõ brilham como antes: não sei se me torno vinho ou vinagre ao teu paladar.

Eu sei que te amo, amor, amora, amoreco, amarela. É verdade no meu peito. É verdade no meu sorriso. E também nos meus olhos e em meu coração.

Te pedi em casamento vários dias e várias vezes. O shopping já virou um palco clichê para nosso romance. Já vi o futuro várias vezes e amanheci ao teu lado em todos eles. Prometi te comprar uma farmácia e um Rhino para dormir ao teu lado e te emprestar paz.

Te entreguei o meu melhor sem saber se era o bastante. Quero te agradecer por fazer parte de mim, pois é verdade que és a minha melhor face, saiba disto e disto não se esqueça, minha pequena.

Te peço para que olhe a lua e que tenha paz em teu coração; que sorria e não careça mais de solidão; que nunca se sinta sozinha, que não viva mais em vão e; que aproveite intensamente a tua vida, e se quiser ser ao meu lado, meu amor, me dê a mão.

Lucas Sidrim
Enviado por Lucas Sidrim em 07/07/2009
Reeditado em 09/07/2009
Código do texto: T1686279