Mukanda a mim mesmo

Meu prezado,

Resposta com alguma relevância ainda me deves à questão que insisto em fazer-te: O que me levou a voar 32000 quilômetros para uma extra-curta estadia em casa, na longínqua Nictheroy?

O saldo positivo parece conter quase que exclusivamente a alegria do reencontro com a filhinha Vanessa que não abraçava desde o Natal de 2007 sobre as neves da Finlândia, mas concordo que também foi bom rever minhas bikuatas, os meus discos e filmes, guiar o meu carro e deitar na minha própria cama.

Sim, meu caro, concedo que fosse também reconfortante fotografar de novo o calçadão de Icaraí, maravilhoso encontrar-me com a VanOr e com a Jussara Razze no Felice de Ipanema, assim como também não nego meu contentamento em rever algumas pessoas do condomínio, encontrar entre a tonelada e meia de correspondência os dois livros que a Cissa de Oliveira me mandou...

Mas, por outro lado, não consegui deixar de trabalhar de casa todos os dias como se fossem muitos os dias em casa e ainda nos vimos, eu e a minha linda companheirinha, acometidos por violenta gripe que chegamos a pensar tratar-se do tal H1N1, seja lá o que isso significa. Também tive o desgosto de constatar que eu não estava enganado e que sim, o Rio de Janeiro não continua lindo como o foi outrora, que a tragédia ecológica se alargou na medida do alastramento dos destrutivos favelões, e que a decadência é pavorosamente visível até no meu maltratado condomínio.

Agora, meu prezado, aqui estou de volta à dificil readaptação ao fuso e aos longos dias de trabalho intenso sob o calor equatorial, com a sensação de que foi minguado o prazer disfrutado nessa longa viagem. Pelos próximos (muitos) meses, serei alvo fácil do stress permanente deste tão pouco amigável projeto em que estou envolvido, meu já restrito tempo de lazer será progressivamente cortado e minha paciência esgotada.

Termino esta mukanda, meu considerado, solicitando tua preciosa ajuda nos enfrentamentos em que estarei engajado, porque sem ela, a tua ajuda, eu não terei amanhã.


Luis C Nelson
Enviado por Luis C Nelson em 05/07/2009
Código do texto: T1683114